Edição nº 683 | 23 de agosto de 2024
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Avanços e desafios da TV 3.0 são debatidos no SET Expo
As inovações da TV 3.0 e as novas tecnologias de distribuição digital foram foco do painel do SET Expo 2024, congresso promovido pela SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão), na terça-feira (20), em São Paulo (SP).
O presidente da ABERT, Flávio Lara Resende, destacou os avanços promovidos pela nova tecnologia.
"A TV 3.0 será de fundamental importância para a TV aberta se manter competitiva, relevante e forte; trata-se de uma evolução tecnológica que trará significativos avanços, propiciando a edificação de um novo ecossistema que irá enriquecer em muito a experiência do telespectador, e inserir, definitivamente, a TV aberta na economia digital", afirmou.
Para Lara Resende, a implementação da nova geração de TV exigirá superar importantes desafios.
"Será necessária a elaboração de um plano de canalização e espectro adicional, especialmente no período de transição para o novo padrão, a garantia de acesso direto aos sinais de TV aberta nos receptores de TV e o acesso aos conteúdos de TV 3.0 nos smartphones e demais dispositivos móveis, além da necessidade de grandes investimentos em infraestrutura pelas emissoras", afirmou.
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Lara Resende defendeu ainda que ter o sinal da TV aberta gratuitamente nos smartphones será importante para o futuro da indústria.
"Isso é fundamental porque as plataformas concorrem com a gente dessa forma", concluiu.
Já o presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), Raymundo Barros, defendeu a “proeminência” da TV aberta.
“A TV aberta não pode ficar escondida. Ela precisa ter um botão de acesso no controle remoto. Este é um ponto fundamental: a proeminência da TV aberta”, disse Barros.
O painel foi moderado pelo presidente da SET, Carlos Fini, e teve a participação do secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Wellisch, do superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinicius Caram, do presidente da Astral, Gerson Castro, e do presidente da Abratel, Márcio Novaes.
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Radiodifusão aponta preocupações com cobrança pelo uso da rede
Durante o painel do SET Expo "Taxa de Uso da Rede ou Uso Sustentável da Rede? O Cenário Digital Brasileiro", na terça-feira (20), o diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flôres, falou sobre os riscos que este modelo de cobrança, o chamado “fair share”, pode trazer à indústria audiovisual brasileira.
Segundo Lobato Flôres, "o conceito de oneração de outros elos da cadeia não nos parece uma medida necessária, adequada, e, sobretudo, proporcional, na medida em que os efeitos positivos desse tipo de intervenção estatal não estão claros e há outros meios alternativos para se buscar a sustentabilidade da rede, que não impactem na sua neutralidade, como a utilização dos fundos setoriais hoje existentes".
Também o diretor executivo da Aliança pela Internet Aberta (AIA), Alessandro Molon, criticou a criação da taxa de rede.
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"Essa é uma solução equivocada para um problema que não existe no Brasil", afirmou.
Para Molon, a iniciativa representaria uma cobrança dupla para os consumidores, com um aumento no preço de serviços para quem já paga banda larga para acessar conteúdo.
O painel foi moderado pelo presidente da AIR (Associação Internacional de Radiodifusão) e conselheiro da ABERT, Paulo Tonet Camargo.
"O tema, sem sombra de dúvidas, é complexo e se insere no contexto das evoluções tecnológicas, no surgimento de novos atores digitais transnacionais, e na necessidade da adoção de políticas públicas que deem sustentabilidade a negócios vitais para a nossa sociedade, como a indústria de telecomunicações e a indústria de mídia", afirmou Tonet.
Também participaram o conselheiro da Anatel, Artur Coimbra, e o presidente da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari.
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Painel debate apostas no rádio
A importância e as regras sobre publicidade de apostas no rádio foram apresentadas pelo diretor de Assuntos Legais e Regulatórios da ABERT, Rodolfo Salema, durante o painel do SET Expo 2024 "Quem aposta no Rádio?", na quinta-feira (22), em São Paulo (SP).
“As ações publicitárias de apostas deve respeitar os cuidados da publicidade socialmente responsável. O rádio multiplataforma permite a diversificação de formatos publicitários, coma a possibilidade de inserções na programação, patrocínios e até mesmo divulgação das Odds durante a transmissão de jogos”, afirma Salema.
Nos debates, os palestrantes afirmaram que a eficácia comprovada do rádio, a acessibilidade e o vasto público alcançado mostram a capacidade do meio de se adaptar às contínuas mudanças tecnológicas, garantindo o interesse das empresas de “bets”, que usufruem da credibilidade e dinamismo das emissoras junto ao público.
O painel teve como moderador o conselheiro da SET, Eduardo Cappia, e a participação de Acácio Luiz Costa, conselheiro da ABERT e coordenador do Grupo de Mercado da AESP, de Hilton Malta (Energia FM) e de Cássio Filter (KTO).
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ABERT homenageia Silvio Santos
Na semana da morte de um dos maiores nomes da TV brasileira, a ABERT presta homenagem ao apresentador e comunicador Silvio Santos. Dono de um estilo e de uma risada inconfundíveis, por mais de 60 anos, Silvio Santos esteve no ar, levando alegria e irreverência às tardes de domingo.
Em sua passagem pelas principais emissoras de TV, como Tupi, Globo, Record, até fundar o SBT, o comunicador trilhou uma jornada única ao atrair gerações de brasileiros nos vários programas de auditório, deixando uma marca inesquecível.
A morte de Silvio Santos, no sábado (17), em São Paulo (SP), deixou a radiodifusão brasileira de luto, mas seu legado fica para a história da comunicação no nosso país.
A ABERT agradece a colaboração do pesquisador e jornalista Elmo Francfort nesta edição especial.
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Ele nasceu Senor Abravanel, no dia 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro. Naquela época, os programas de auditório de rádio estavam no auge do sucesso e não passaram despercebidos pelo jovem filho de imigrantes judeus gregos e turcos, que logo se encantou com a magia da comunicação radiofônica. Onde tinha algum show ou gincana, lá estava o garoto.
Ao participar de um concurso de calouros, ainda na adolescência, burlou as regras e passou a ser chamado Silvio Santos. Silvio era como sua mãe o chamava, pela dificuldade de pronunciar o nome. Santos foi o sobrenome escolhido pelo próprio Silvio, "porque os santos ajudam".
Por causa da voz inconfundível, a nova identidade foi a maneira encontrada para não ser banido dos concursos.
Chegou a ser considerado “hors concours” nas competições, vencendo uma atrás da outra. Ir aos estúdios fazia parte da rotina daquele camelô, vendedor de canetas no centro da cidade.
Em 1948, ingressou na radiodifusão. Após um ano na Rádio Guanabara, foi para o “Programa do Guri”, da Rádio Mauá. Passou ainda pelas rádios Tupi e Continental. Conheceu Fernando de Nóbrega, que entregou uma carta de recomendação a ser apresentada ao irmão, Manoel, em São Paulo. A voz e a inteligência do rapaz chamavam a atenção e veio o convite para o “Programa Manoel de Nóbrega”, na Rádio Nacional SP. Era 1954 e, por dez anos, lá esteve o “peru que fala”, apelido dado ao locutor entusiasmado, que contava histórias para um público fiel. Ficou na emissora até 1977, onde fez outras atrações, como “Nasceu Premiado”, “Galera do Nelson”, “Segunda às Vinte” e “Ronda dos Bairros”.
Em 1955, ingressou na TV Paulista – emissora que também pertencia à Organização Victor Costa, assim como a Nacional – e, em 1960, teve seu primeiro programa solo: “Vamos Brincar de Forca?”. Nos anos seguintes, criou “Ganhando e Apostando” e “Pra Ganhar é Só Rodar”.
Três anos depois, em junho de 1963, estreou uma faixa de horário com suas atrações, sob o nome “Programa Silvio Santos”, no ar até hoje, no SBT. Entre os quadros, “A Hora do Pato”, “Roda Pião” e “Justiça dos Homens”.
Em 1964, foi a vez de o programa ganhar versão radiofônica, indo posteriormente para a Rádio Record. No mesmo ano, Silvio criou também o “Festival da Casa Própria”, “Recebendo Visitas”, “Rodada de Ouro” e “Pergunte e Dance”.
No ano seguinte, começaram as tratativas que transformaram a TV Paulista em Globo SP. Naquele 1965, nasceram “Falando Francamente”, “Corrida da Bola Branca”, “Em Cada Vida Uma Canção” e “Cuidado com a Buzina”.
Em 1967, quando a ABERT completou cinco anos, Silvio adquiriu horário também na TV Tupi, participando de dois canais de televisão ao mesmo tempo. Na Tupi, com “Gincana dos Sinos” e “Poço dos Milhões” e na Globo, com “Partida de Cem”, “Namoro no Escuro” e “Quem Lembra Acerta”.
Prestes a completar vinte anos de carreira, no rádio e na televisão, Silvio Santos lançou na TV Tupi um dos programas de maior sucesso: “Cidade Contra Cidade”. Foi só o início de uma grande história do apresentador que nos deixou esta semana.
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A alegria e o vozeirão, marcas registradas do vendedor ambulante, também fizeram sucesso nas emissoras por onde Silvio Santos passou. Sucesso que ultrapassou os limites territoriais. Em 1969, o programa Silvio Santos passou a ser transmitido em rede, na TV Globo. No mesmo ano, o comunicador passou a apresentar o Troféu Imprensa na Tupi.
Na primeira metade dos anos 1970, o faro inovador de Silvio Santos criou atrações inesquecíveis como “Sua Majestade, o Ibope”, “Boa Noite Cinderela”, “Casamento na TV”, “Disco de Ouro”, “Sinos de Belém”, “Ela Disse Ele Disse”, “Silvio Santos Diferente” e dezenas de outros!
Com a chegada das cores na TV brasileira, em 1972, gradativamente seus programas aderiram ao novo formato e o próprio Silvio passou a modernizar sua produtora com a nova tecnologia.
Aos poucos, locar horários passou a não ser a melhor opção para o empreendedor. Ele queria mais: ter um canal próprio e maior liberdade sobre seus programas.
Com a ajuda do amigo Manoel de Nóbrega, Silvio Santos entrou na concorrência para ter um canal no Rio de Janeiro. Uma de suas grandes emoções, ao receber a licença para operar a TVS (TV Studios) no canal 11 carioca, foi ter a presença do amigo Nóbrega no ato de assinatura. Era 1976, e Nóbrega faleceu pouco tempo depois.
O que se viu dali em diante foi um novo capítulo da história da TV: um profissional que surgiu dentro da radiodifusão se tornou empresário, detentor de um canal de TV, que resolveu deixar a Globo para se tornar acionista de outra emissora, a TV Record, junto à família Machado de Carvalho.
Àquela altura, Silvio era um grande sucesso na Record, Tupi, na sua TVS e também na REI – Rede de Emissoras Independentes. A veiculação de seus programas, em suas emissoras e nas demais – como a Rede Tupi, onde ainda locava horários – fez com que Silvio Santos fosse uma das pessoas que mais aparecia na TV brasileira durante a semana, principalmente aos domingos. O horário em que os programas eram exibidos simultaneamente para todos passa a ser chamado de “Sistema Brasileiro de Televisão “, nome que batizou sua futura rede.
Enquanto isso, Silvio Santos já possuía dezenas de empresas, nos mais diversos segmentos. O Grupo Silvio Santos, ao longo das décadas, construiu um império formado por empresas como Vimave, Lojas Tamakavy, Sisan, Baú da Felicidade, Jequiti, Hotel Jequitimar e muitas outras.
Os negócios e a programação nas TVs só expandiam! Em sua produtora, chegou a fazer programas de todos os tipos e gêneros, até mesmo novelas, como “O Espantalho” (1977).
A crise na pioneira Rede Tupi fez com que Silvio Santos pensasse além. Após o fechamento da emissora, em 1980, o empresário entrou em nova concorrência. As 22 emissoras da Tupi, além de outros canais que ainda deveriam ser ocupados, levaram o governo federal a decidir pela distribuição igualitária das concessões. Duas redes foram formadas: metade ficou com Adolpho Bloch, que inaugurou a Rede Manchete em 1983, e a outra metade, foi para Silvio Santos, que realizou um feito inédito: transmitiu a assinatura da concessão da sua rede TVS, ao vivo, em 19 de agosto de 1981, direto de Brasília. Aquela rede, futuramente chamada de SBT, era a realização do maior e mais ousado sonho de Silvio Santos.
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Silvio Santos realizou o sonho de ter sua própria rede de emissoras, em 1981, quando fundou o SBT, Sistema Brasileiro de Televisão.
Um projeto ambicioso, que ia além da estrutura que já possuía: os programas feitos por sua produtora, a programação da TVS-Rio e aqueles que exibia também na Record, onde até 1989 esteve como acionista.
Desde a criação, o SBT tornou-se sinônimo de alegria. A emissora produziu uma forte linha de shows, novelas, investiu em telejornalismo, entrou em campo com o esporte e demonstrou ser uma grande opção de qualidade na TV brasileira.
Ao longo das décadas, Silvio Santos esteve à frente de seu programa, com atrações inesquecíveis como “Show do Milhão”, “Porta da Esperança”, “Show de Calouros”, “Qual é a Música?”, “Topa Tudo por Dinheiro”, “Roletrando”, “Câmeras Escondidas”, entre outros, que marcaram gerações.
Criou uma conexão ainda maior com o público, que se auto denominou "sbtistas", um verdadeiro fã-clube da emissora.
Quem não assistiu novelas como “Éramos Seis”, “As Pupilas do Senhor Reitor”, “Sangue do Meu Sangue”, “Chiquititas”, “Carrossel” e algumas mais recentes como “As Aventuras de Poliana” e “A Caverna Encantada”? No telejornalismo, como "Noticentro”, “TJ Brasil”, “Aqui Agora”, “CBS Telenotícias”, “Povo na TV” e “SBT Brasil”? E na linha de shows, com “Domingo Legal”, “Jô Soares Onze e Meia”, “Programa Livre”, “Show Maravilha”, “Bozo”, “Bom Dia & Cia.”, “Casa dos Artistas”, “A Praça É Nossa”, “Hebe”, “Programa do Ratinho” e “Passa ou Repassa”? O SBT, com suas parcerias internacionais, marcou ainda gerações de brasileiros, com novelas e seriados como “Marimar” e “Chaves”, além de uma gama de séries, desenhos e filmes americanos.
Muitos dos colegas que acompanharam de perto a trajetória de Silvio Santos, como Hebe Camargo, Raul Gil, Carlos Alberto de Nóbrega, voltaram a se reunir com ele na nova emissora. Novos talentos como Gugu Liberato, Ratinho, Eliana e Celso Portiolli também passaram a transmitir o espírito que Silvio Santos sempre imprimiu em seus programas.
A partir dos anos 1990, o SBT cresceu mais ainda, ao inaugurar o CDT, o Complexo Anhanguera. E inovou ao entrar na internet, chegou à TV digital, e, mais recentemente, lançou seu próprio serviço de streaming, o +SBT, que já operava há meses em versão Beta.
Hoje, sua rede é uma das mais numerosas em termos de afiliadas no país. Virou o canal “vice-líder em audiência”, como se auto-intitulou.
Mesmo com sua partida, no sábado, 17 de agosto, Silvio Santos continuará a ser uma referência, fruto de um valioso legado que construiu, uma história que jamais será esquecida.
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