A Polícia Civil de Goiás está investigando se o assassinato do jornalista João Miranda do Carmo foi motivado por sua atuação profissional. Até o momento, esta é a principal linha de investigação.
Miranda foi morto com 7 tiros em Santo Antônio do Descoberto (GO), no domingo (24). Dono do site SAD Sem Censura, o jornalista usava as redes sociais e sites para criticar políticos, traficantes de drogas e matadores de aluguel na cidade a 50 quilômetros de Brasília.
Na quarta-feira (27), foi preso o ex- chefe de vigilância da prefeitura de Santo Antônio do Descoberto, Douglas Ferreira de Morais, suspeito de participar do crime. O assassinato de Miranda foi considerado um fato gravíssimo pela ABERT, que cobrou celeridade das autoridades locais e punição para os responsáveis.
“É inconcebível que num país democrático, um jornalista seja assassinado por sua atuação profissional. Uma verdadeira ameaça à liberdade de expressão”, afirma Daniel Slaviero, presidente da ABERT.
Relatório da ABERT sobre Liberdade de Imprensa
A morte de Miranda é o primeiro caso de assassinato de um jornalista por motivos profissionais registrado em 2016. Também esta semana, uma equipe australiana que está no Brasil para a cobertura das Olimpíadas sofreu uma tentativa de assalto durante uma gravação na praia de Copacabana.
Desde o início do ano, foram contabilizados 141 casos de agressões, ataques, intimidações, ofensas e censura contra profissionais da comunicação. Os dados estão no Relatório ABERT sobre Liberdade de Imprensa.
O número já supera o de 2015, quando foram registrados 116 casos de violações à liberdade de imprensa no Brasil. O país esteve entre os cinco mais perigosos do mundo para o exercício da profissão com 8 jornalistas assassinados.