O início dos Jogos Olímpicos no Brasil foi a ocasião escolhida para o lançamento de uma campanha que alerta sobre o perigo de ser jornalista no país.
Criada pela Organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) com o lema “Algumas vitórias não merecem medalha”, a campanha faz alusão à posição ocupada pelo Brasil no ranking de países mais perigosos para a profissão: no último ano, o país ficou em segundo lugar na América Latina.
A RSF revelou que 22 jornalistas foram mortos no Brasil por causa da profissão desde as Olimpíadas de Londres, em 2012. Na maioria dos assassinatos, os profissionais cobriam ou investigavam assuntos relacionados à corrupção, políticas públicas e crime organizado em cidades pequenas e médias.
De acordo com organizações internacionais de monitoramento da atividade jornalística, em 2015, o Brasil ganhou um triste lugar de destaque no ranking das nações mais perigosas do mundo para o exercício do jornalismo, perdendo, inclusive, para países em guerra. Três profissionais da comunicação foram assassinados em apenas 11 dias. A sequência de mortes foi batizada de “novembro negro”.
Relatório Liberdade de Imprensa
A ABERT lança um relatório anual com todos os casos de agressões, ameaças, ofensas, intimidações, vandalismos, assassinatos e ataques contra jornalistas no exercício da profissão no Brasil.
Em 2015, foram registrados 116 casos de violações à liberdade de expressão. Em 2016, até o momento, a Associação já listou 144 agressões.
“Está ocorrendo uma inversão de valores, onde o profissional da imprensa devidamente identificado tem se tornado alvo das agressões, seja pelos próprios manifestantes ou, ainda mais grave, pelos policiais que têm a obrigação constitucional de garantir a segurança desses profissionais”, afirma o presidente da ABERT, Daniel Slaviero.
O próximo Relatório Liberdade de Imprensa, com os casos de 2016, será lançado no início de 2017.