Começa nesta sexta-feira (5) a flexibilização do horário de transmissão, pelas emissoras de rádio, do programa A Voz do Brasil. Até o dia 18 de setembro, todas as emissoras, inclusive as que não forem transmitir as competições olímpicas, poderão escolher o melhor horário para veiculação do noticiário entre 19h e 22h.
Determinada pela Medida Provisória 742, a flexibilização acontecerá durante as Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio 2016 e atende a um pedido da ABERT, a exemplo do que aconteceu na Copa do Mundo de 2014. “As emissoras, mas principalmente os ouvintes, reclamam por serem privados das informações olímpicas, resultando numa baixa audiência durante o horário considerado nobre, para não falar pífia”, afirma o diretor geral da ABERT, Luis Roberto Antonik.
Após o período dos jogos olímpicos e paralímpicos, o programa voltará a ser veiculado no horário normal, das 19h às 20h, de segunda a sexta-feira, em cadeia nacional de rádio.
A decisão do governo foi comemorada pelas rádios. Para o coordenador do departamento de Esportes da Rádio Itatiaia (MG), Michel Ângelo, o ouvinte será o maior beneficiado.
"Para a Itatiaia, que tem a maior equipe do rádio brasileiro nos Jogos Olímpicos do Rio, a flexibilização da Voz do Brasil representa a possibilidade de uma cobertura mais abrangente e completa. Sem dúvida, ganha o ouvinte, que poderá acompanhar a Olimpíada em tempo real sem migrar para outro meio, principalmente na volta do trabalho".
Animados com a possibilidade de mudanças definitivas no horário de veiculação, os radiodifusores começam a se movimentar junto aos parlamentares para tornar permanente a flexibilização do horário. Por se tratar de uma MP, a mudança passou a valer como lei. O Congresso Nacional tem um prazo de até 120 dias, a partir da publicação no Diário Oficial da União, em 26 de julho, para decidir se aprova ou não a medida. Nesse período, emendas deverão ser apresentadas ao texto, tornando permanente a veiculação do programa em horários alternativos.
Copa do Mundo/2014: apenas 33% das rádios flexibilizaram A Voz do Brasil
De acordo com pesquisa encomendada pela ABERT, durante o mundial de 2014, apenas um terço das 10,5 mil rádios optou pela flexibilização. Segundo Antonik, a baixa adesão tem como justificativa a própria história do programa, no ar há mais de 80 anos.
“Uma boa parte das rádios brasileiras já desenvolveu um modelo de negócios em que, após as 19 horas, a rádio não existe. A audiência cai a praticamente zero. Quando A Voz do Brasil termina, às 20 horas, a audiência aumenta lentamente, mas só consegue um pico às 8 horas da manhã do dia seguinte”, afirma.
Segundo dados do IBOPE, a flexibilização aumentou em média 8% a audiência do programa na Copa. “Isso parece lógico, pois o nível de exposição também aumentou. A pesquisa revelou ainda dados interessantes, quebrando mitos, pois propalavam os defensores da rigidez do horário que a Voz do Brasil é um programa de gente pobre e humilde, que vive no interior do País, que dorme às 20 horas e acorda às 5 da manhã. No entanto, a pesquisa mostrou que o lugar de maior audiência do programa é na Região Metropolitana de São Paulo”, ressalta Antonik.
Pesquisas mostram ainda que, no Brasil, a curva de audiência do rádio no período da noite é totalmente diferente do resto do mundo: os números caem para valores residuais. Outro dado chama a atenção: às 10 horas da manhã, a audiência do rádio é o dobro da televisão; já às 18 horas é apenas 20% quando comparado com a TV, ou seja, uma queda de quase dez vezes.