A evolução do ambiente digital e a importância de o radiodifusor estar presente nas novas ferramentas de comunicação, como as redes sociais, foram o foco do seminário online apresentado pelas professoras Nélia Del Bianco, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Universidade de Brasília (UnB), e Nair Prata, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No curso de ensino a distância (EaD) “Rádio: Convergência, Multiplataformas e Experimentações”, na quarta-feira (18), as professoras alertaram que "entrar neste mundo requer compreender o que ele consiste e estar aberto às novidades". Organizado pela ABERT em parceria com a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), o EaD teve a participação de mais de 1,1 mil radiodifusores.
“Com pesquisas sobre o setor de rádio e o ambiente mobile digital percebemos um fator importante. A maioria dos radiodifusores ainda é extremamente conservadora”, afirma Nélia.
A professora Nair Prata exemplifica este comportamento. “A chave do êxito de uma rádio sempre foi apostar no conteúdo, mas hoje, apesar de ainda ser importante, não deve ser o norte da busca por melhorar os índices de aceitação e de audiência. Com o tempo e a evolução das tecnologias, eu posso afirmar que a aposta dos radiodifusores para o sucesso deve ser pelo entendimento e busca da audiência onde quer que ela esteja, em cenários físicos e virtuais. Trocar a programação ou o conteúdo de um programa não será tão eficiente quanto pensar primeiro na audiência e depois fazer uma programação voltada a ela”, afirma.
Para entender a atuação dos radiodifusores nas redes sociais, as professoras usaram o MobiAbert, projeto da ABERT que insere as rádios no ambiente mobile digital. A conclusão da pesquisa mostrou que o radiodifusor pode explorar melhor os recursos oferecidos pelo aplicativo.
“Fizemos uma pesquisa com os radiodifusores brasileiros que inseriram suas rádios no MobiAbert, seja no aplicativo integrador ou no exclusivo. Queríamos compreender o nível de satisfação dos gestores das rádios e a relação que tinham com esse produto. Mais de 70% dos entrevistados nunca chegaram a divulgar na programação a novidade para induzir os ouvintes a baixar o aplicativo”, explica Nélia.
Segundo as professoras, os radiodifusores precisam ver o aplicativo como uma ferramenta eficaz para a comunicação. “Apenas 12% dos usuários fizeram uma gestão do aplicativo, e na maioria das vezes, de forma esporádica. Além disso, a programação analógica e digital não conversam. É preciso fazer com que as plataformas conversem entre sim, criar um conteúdo exclusivo. Os radiodifusores desconhecem as potencialidades dos aplicativos, não percebem que representa uma nova fronteira para se aproximar do ouvinte, não conseguem criar uma estratégia de marketing para a nova ferramenta ou adequar o conteúdo da emissora para o novo canal de comunicação. Nós temos uma audiência cada vez mais distraída e secundária, por isso, o rádio em multiplataformas requer mudanças na forma de gestão do conteúdo e do marketing. Não dá para pensar com a cabeça antiga diante de diferentes espaços”, conclui.
Assim como os demais cursos a distância promovidos pela ABERT, este tinha como proposta inicial ser ao vivo, permitindo a interação dos participantes com os profissionais e respostas das dúvidas durante a transmissão. Mas, devido a um grave problema na conexão com a internet, o vídeo foi gravado e disponibilizado aos interessados no mesmo dia. Os interessados poderão acessar o material no site por até cinco meses.
“Diante dos mais de 50 cursos a distância que a ABERT já organizou, esta foi a primeira vez que tivemos um problema que impediu a transmissão ao vivo. Mas, apesar disso, nós avisamos os inscritos por e-mail, pelas redes sociais e mesmo assim a participação foi grande”, explica Luiz Roberto Antonik, diretor geral da ABERT.
Michel Micheleto, Nélia Del Bianco e Nair Prata
Saiba mais sobre o MobiAbert
O desenvolvimento do MobiAbert seguiu tendências nacionais e internacionais de demandas da audiência. Os estudos para desenvolver o aplicativo integrador renderam bons frutos: hoje o app da ABERT é o maior integrador de rádios do Brasil, com mais de 2,3 mil emissoras.
O projeto dá oportunidades para o radiodifusor transmitir a programação por streaming em diferentes plataformas mobile e online. Há três opções: o aplicativo integrador, o site MobiAbert Play e o app exclusivo da emissora.
• App integrador MobiAbert: O sistema é gratuito e reúne 2,3 mil rádios de todo o Brasil em um aplicativo disponível para smartphones iOS e Android. É nesse app que as emissoras possuem um login que dá acesso a diversas informações personalizadas e possibilidades de customização do espaço da rádio. É possível, por exemplo, interagir com os ouvintes e alterar links e informações. O internauta pode classificar e favoritar as emissoras que mais gosta, ver o que os amigos estão seguindo, acessar os portais de notícias G1 e ABERT e escolher a qualidade do áudio da programação.
• Portal integrador MobiAbert PLAY: É um site na internet, como uma rede social dirigida aos ouvintes. Reúne todas as emissoras presentes no app integrador e os sistemas são integrados: todas as ações realizadas no login do radiodifusor aparecem nas duas plataformas. (www.mobiabertplay.com.br)
• App exclusivo: A rádio tem seu próprio aplicativo disponível para smartphones. A ABERT cobre os custos iniciais e ainda paga os primeiros 6 meses de manutenção para a rádio. Após esse período, a emissora passa a pagar apenas um salário mínimo por ano. Os apps exclusivos possuem espaços exclusivos para publicidade.
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