O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP/SP) ouviu, na quarta-feira (28), em audiência pública, os profissionais da imprensa que foram agredidos ou tiveram o trabalho cerceado pela Polícia Militar nas manifestações de rua na capital paulista nos últimos cinco anos. Os depoimentos foram recebidos formalmente pela Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos e serão incluídos em inquérito civil aberto pelo órgão no final de junho. Os depoimentos de dezoito jornalistas que relataram ter sofrido violência por parte da PM serão também repassados às promotorias criminais do Ministério Público.
Os profissionais relataram que, apesar da identificação como imprensa, foram vítimas de balas de borracha, golpes de cassetete, jatos de gás de pimenta na face e xingamentos. Equipamentos, como câmeras, celulares e cartões de memória também foram destruídos pela PM de São Paulo.
Os jornalistas avaliam que, a partir das manifestações de 2013, contra o aumento das passagens de ônibus, e os vários protestos que se sucederam, os profissionais da comunicação passaram a ser “alvo” da PM, por divulgarem as ações violentas dos policiais nos protestos.
A ABERT encaminhou o Relatório sobre Violações à Liberdade de Imprensa e de Expressão de 2015, com os casos de jornalistas e veículos de comunicação que sofreram algum tipo de agressão ou intimidação em todo o país. A peça será anexada ao inquérito.
De acordo com o relatório da ABERT de 2015, somente em São Paulo, 10 jornalistas foram agredidos por PMs na capital paulista.
Em 2016, até o mês de setembro, o relatório parcial aponta que 15 jornalistas sofreram algum tipo de violência por parte da Polícia Militar de São Paulo.
A audiência pública teve a apoio do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Artigo 19, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Sou da Paz e Núcleo de estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo).
O Ministério público abriu espaço para a manifestação de um representante da Polícia Militar, mas ninguém compareceu.
*Com agências