O diretor do Departamento de Acompanhamento e Avaliação de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Octavio Pieranti, reuniu-se com representantes da Sociedade de Engenharia de Televisão (SET) para tratar da possibilidade de interferências de futuros serviços de Banda Larga Móvel sobre a recepção de TV Digital, caso venham a ser operados em faixas de freqüência adjacentes às faixas destinadas à radiodifusão.
Pieranti abriu a reunião assegurando que o Ministério das Comunicações tomará todas as precauções para que nenhum brasileiro seja privado de ver televisão.
Durante o encontro, os técnicos do ministério relataram suas primeiras análises sobre os estudos e testes que estão sendo realizados em outros países. O trabalho busca reunir subsídios para entender melhor interferências que poderão se manifestar sobre a recepção de TV Digital no Brasil, em virtude de virtual utilização de freqüências na faixa de 700 MHz, para prestação dos referidos Serviços de Banda Larga Móvel, em quarta geração.
O assunto é considerado de extrema importância pelo setor de radiodifusão brasileiro. Uma das preocupações das emissoras é que a destinação de parte da faixa para a prestação de outros serviços comprometa a recepção do sinal da TV, como foi constatado em estudos e testes realizados pela OFCOM - Agência Inglesa - que comprovaram que mais de 2 milhões de lares britânicos serão afetados, demandando soluções para diminuir os problemas. O governo do Reino Unido criou uma entidade com um orçamento de 184 milhões de euros exclusivamente para resolver tais problemas.
Os representantes da SET comentaram que o assunto vem sendo estudado por vários outros países, entre os quais a França, e também pela própria UIT, já há bastante tempo.
A solicitação da SET - apoiada pela Abert no documento do setor enviado no princípio de setembro ao ministério e à Anatel - é para que o governo realize estudos, análises e testes que levem em consideração as condições específicas brasileiras, bem como as características técnicas e operacionais da banda larga de quarta geração que será utilizada no Brasil. A entidade espera com isso que o governo possa verificar a possibilidade de interferência de forma a preparar, caso constatado o problema, um plano de ação para que nenhum brasileiro fique sem televisão aberta.
"O Brasil está em uma posição de vantagem, pois o calendário ainda permite que estudos sejam feitos de forma a mapear corretamente o problema e buscar soluções eficientes que atendam aos brasileiros" concluiu a diretora internacional da SET, Liliana Nakonechnyj, ao final da reunião.
Tanto o Ministério das Comunicações como o setor de radiodifusão sabe que a experiência internacional é importante, e serve de alerta, mas deve ser complementada por estudos que considerem as peculiaridades e especificidades brasileiras, abrangendo suas condições sócio-econômicas e geográficas e, principalmente, a importância sem qualquer paralelo no mundo da TV aberta em operação no país. (Foto: Ministério das Comunicações).
Foto: Herivelton Batista
Assessoria de Comunicação da Abert