A preocupação com a escalada de violência contra jornalistas no Brasil foi manifestada pelo presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Slaviero, durante evento de celebração do dia mundial da liberdade de imprensa, na quarta-feira, 7, em Brasília.
Falando também em nome da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), Slaviero disse esperar dos governos iniciativas para padronização da atuação das polícias. De acordo com Relatório de Liberdade de Imprensa da Abert, no ano passado foram registrados 105 casos de agressões a repórteres, a maioria deles por policiais. O levantamento aponta, neste ano, cinco mortes de profissionais.
“Hoje o maior desafio para o trabalho da imprensa é a escalada crescente que tem havido de agressões aos profissionais de imprensa. Essa escalada recente requer um trabalho e uma posição mais dura nossa em relação aos governos para que não se repita na Copa do Mundo. O que precisa ser discutido são políticas públicas de padronização da atuação das polícias para que elas saibam proceder, e garantam não só a liberdade das pessoas de manifestar mas também a dos profissionais que estão lá para fazer seu trabalho”, afirmou.
O encontro foi promovido pela Unesco em parceira com as entidades empresariais de comunicação e apoio das Organizações Globo e dos grupos RBS e Bandeirantes.
Slaviero também criticou propostas de cerceamento da atividade jornalística, defendidas por alguns partidos políticos e setores da sociedade. Ele reconheceu que o governo da presidente Dilma Rousseff não apoiou nenhuma proposta restritiva à atuação dos veículos de comunicação, apesar das pressões de seu próprio partido.
“O governo da presidente Dilma não tomou iniciativa disso. Mas o que é para ser uma virtude está sendo justamente um dos motivos de crítica dos setores da sociedade e de seu próprio partido. Fica um alerta de que essa discussão de regulação da mídia, o eufemismo do controle social da mídia, nada mais é do que uma forma de interferir no trabalho dos profissionais e no conteúdo das empresas jornalísticas”, disse.
O representante da Unesco no Brasil, Lucien Muñoz, falou sobre a importância da liberdade da imprensa para democracia e disse que a entidade defenderá nas Nações Unidas a inclusão do tema da violência contra a imprensa na sua pauta de discussão.
“A Unesco considera necessário incluir e abordar a ameaça à imprensa através da censura, da intimidação e prisão e às vezes até de assassinatos de jornalistas no mundo todo. Esses abusos inaceitáveis contra a liberdade de imprensa e contra os direitos humanos precisam ser combatidos - disse Muñoz.