A cobertura jornalística de processos sob segredo de justiça foi o tema principal do 8º Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia, realizado em Brasília, na terça-feira (3). Promovido pelo Portal Imprensa, o evento teve a participação de jornalistas, operadores do Direito e estudantes.
O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Og Fernandes, afirmou que a responsabilidade da imprensa é tão importante quanto à da Justiça. “A relação delicada entre imprensa e Judiciário está no fato de que ambas têm o papel de vigiar uma à outra”, disse.
O ministro lembrou que a imprensa e a Justiça apuram a verdade por meio de meios comuns, como as confissões ou as provas testemunhais. “Por isso, defendo que juízes e repórteres devem ser imparciais em suas atuações, uma vez que não se pode condenar alguém antes de avaliar os fatos sem levar em conta a dúvida razoável”.
O repórter Felipe Recondo, do portal jurídico Jota, participou do painel “Fatores que definem um caso em segredo de Justiça”. Para o repórter, nem sempre mídia e justiça estão do mesmo lado. “A justiça e a imprensa podem andar juntas na Constituição, mas nem sempre as pessoas que avaliam as leis entendem sobre a liberdade de expressão e o direito à informação. Há juízes que pedem a demissão de jornalistas quando vazam informações de Justiça”, alertou Recondo.
Os jornalistas Fernando Rodrigues, do UOL, Carolina Bahia, do Grupo RBS, Marcelo Beraba, de O Estado de S.Paulo, Mauro Tagliaferri, da RedeTV!, Sérgio Fadul, de O Globo, e Eliane Cantanhêde, comentarista de política de Estadão e da GloboNews também participaram do evento.
Todos reconheceram a importância da imprensa na ajuda do combate à corrupção e citaram exemplos da Operação Lava Jato, que teve diversos documentos sigilosos vazados à imprensa. “O repórter não é o dono do sigilo. As informações quando chegam aos jornalistas devem ser levadas à diante de forma mais transparente possível para a população”, disse a jornalista Carolina Bahia.