Rio Verde (GO) é oficialmente a primeira cidade do Brasil a transmitir o sinal de TV apenas pela tecnologia digital. As TVs Anhanguera (Rede Globo), SBT, Band, Sucesso (Record) e Cultura completaram nesta terça-feira (1º) o desligamento do sinal analógico na cidade goiana, iniciado pelas outras três redes de televisão do município (TV Canção Nova, Record News e Rede Vida) que encerraram a transmissão dia 15 de fevereiro.
O presidente da ABERT, Daniel Slaviero, e o ministro das Comunicações, André Figueiredo, acompanharam de perto o processo de desligamento da TV analógica na cidade-piloto.
"Um momento histórico. Importante é a população continuar recebendo sua novela favorita, seu jornal, de maneira gratuita, só que agora com uma qualidade infinitamente melhor", disse Daniel Slaviero.
Para o ministro das Comunicações, esse é mais um momento marcante na história da televisão brasileira. “A TV surgiu como um marco na história da sociedade, nos anos 1960. Em 1972 viveu o segundo marco, com a televisão a cores. Em 2007 viveu o início da TV Digital em paralelo. E agora vive o início do desligamento do sinal analógico, uma evolução da tecnologia que faz parte da história dos brasileiros”, ressaltou.
A última pesquisa do Ibope, realizada entre 23 e 25 de fevereiro, apontou que apenas 85% dos domicílios da cidade estavam preparados para receber a transmissão digital e não 93%, meta estabelecida para o desligamento. A decisão de recomendar ao Ministério das Comunicações a conclusão do processo de desligamento em Rio Verde foi tomada após reunião do Gired (Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV), na segunda-feira, 29 de fevereiro.
O grupo levou em consideração o fato de tratar-se de um piloto, o porte da localidade e a maciça distribuição de conversores entre a população de baixa renda, cuja instalação não foi captada pela pesquisa.
O desligamento com a meta em 85% significa que cerca de 30 mil pessoas ficaram sem receber o sinal de TV aberta na cidade, por não terem, ainda, se ajustado à recepção digital.
De acordo com o ministro André Figueiredo, a exceção em Rio Verde não deve ser entendida como um precedente para outras cidades. "Na próxima cidade, que será Brasília, vamos aproveitar a nossa experiência em Rio Verde para fazer com que o desligamento possa ocorrer dentro dos percentuais mínimos exigidos", disse ele.
Figueiredo disse ainda que o Gired acompanhará a evolução do mercado em Rio Verde para ver o comportamento das pessoas que ficaram sem o sinal e compreender o efeito que o desligamento efetivo traz no processo de transição.
Em Brasília, com quase 3 milhões de habitantes, o desligamento está previsto para outubro. Se o mesmo percentual de domicílios for admitido, pelo menos 450 mil pessoas ficarão sem receber a TV aberta. A estimativa exclui a população que vive no entorno de Brasília, que também será afetada pelo desligamento. Serão mais 150 mil pessoas sem sinal terrestre.
"De fato foi uma decisão consensual e concordamos pelas características da cidade de Rio Verde e pelo caráter experimental, mas foi uma situação excepcional e esperamos que nas próximas cidades, especialmente Brasília e São Paulo, o desligamento só aconteça com o atingimento à risca dos indicadores acordados", diz Daniel Slaviero, presidente da Abert.
A EAD, empresa responsável pelo desligamento, continuará a distribuição dos adaptadores em Rio Verde pelo período de mais 30 dias, atendendo assim, àqueles telespectadores que, por uma razão ou outra, não retiraram ou instalaram os equipamentos a que têm direito. Cerca de 15 mil destes aparelhos foram entregues a beneficiários de programas sociais.
Após o desligamento, as geradoras vão continuar transmitindo, por 30 dias, uma cartela fixa na tela dos telespectadores que não se prepararam antecipadamente. É o caso de Rio Verde. A mensagem traz informações sobre como proceder para ter acesso ao sinal digital.
Cartela informativa que aparece na tela das TVs analógicas de Rio Verde após o switch off
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