2015 foi um ano de intensas reuniões do GIRED, o grupo responsável pelo desligamento da televisão analógica aberta e pela implantação da TV digital (HDTV) no Brasil.
Representantes do governo, das operadoras de telecomunicações e radiodifusores tentaram, sem sucesso, cumprir o calendário de desligamento da TV analógica determinado em portaria pelo Ministério das Comunicações.
O país esperou os primeiros testes em 29 de novembro, quando estava programado o switch off em Rio Verde (GO), mas terá que aguardar até 15 de fevereiro, data limite anunciada pelo ministro das Comunicações André Figueiredo, para o desligamento. A cidade piloto não atingiu a meta de 93% dos domicílios aptos para receber o sinal de transmissão digital.
A falta de dinheiro para a aquisição de um kit conversor, que adapta o sinal digital para ser recebido por aparelhos analógicos, foi um dos motivos que impediram a população de estar preparada para a chegada da TV digital.
De forma surpreendente, em Rio Verde, 76% das famílias cadastradas no Bolsa Família, com direito a receber gratuitamente o conversor retiraram o equipamento, mas destas, 22% não instalaram o conversor.
Com a crise econômica do país, os moradores das classes C, D e E são os mais afetados e reclamam do investimento que teriam que fazer para receber o sinal digital, algo em torno de R$ 300. O valor é considerado muito alto pelas famílias que recebem pouco mais que um salário mínimo (R$ 788).
Diante do atraso no cronograma de Rio Verde, o governo concluiu que algumas mudanças deveriam ser adotadas para se atingir o percentual de 93%, como, por exemplo, a distribuição de um conversor mais barato; novos critérios de aferição das pesquisas (já que a regra atual estabelece que somente será desligada a localidade em que 93% dos domicílios estejam aptos a receber o sinal digital); e até mesmo a forma de comunicação para alcançar a população brasileira.
Os radiodifusores aceitaram abrir mão da margem de erro da pesquisa, o que significa que o sinal poderá ser desligado com 90%, e considerar como aptos os domicílios exclusivamente atendidos com TV a cabo e também aqueles com cabo digital que tenham um segundo aparelho apto a receber a TV aberta digital.
A grande preocupação dos radiodifusores é que esta folga de 10% dos domicílios sem condições de receber o sinal, fato que permitiria o desligamento, possa atingir justamente a parcela da população que não tem condições de trocar o aparelho de tubo ou comprar o conversor. Na avaliação dos radiodifusores, com o desligamento, a população de baixa renda seria a maior prejudicada.
As emissoras de TV também apresentaram nova proposta quanto à campanha de alerta aos telespectadores: uma publicidade invasiva, com um lettering informativo de 25% da tela, além da inserção de uma série de cartelas informativas e vídeos tutoriais.
Em 2016, o switch off está previsto no Distrito Federal e em mais 11 cidades no entorno da capital, nos estados de Minas Gerais e Goiás, além das capitais São Paulo, Goiânia, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Também no ano que vem acontecem as Olimpíadas do Rio de Janeiro e as eleições municipais.
Outra preocupação é que nenhum imprevisto prejudique os brasileiros que têm na TV a principal fonte de serviço, informação e entretenimento gratuitos.
O MiniCom garante que, mesmo com o atraso em Rio Verde, até 2018, todo o país terá a TV digital implantada.
Celular com TV digital
Também em 2015, o governo anunciou duas propostas de Processos Produtivos Básicos relacionadas à TV digital. A primeira é um PPB para conversores de sinais digitais para televisores analógicos. A segunda altera o incentivo que já existe para a produção de celulares no Brasil.
No caso dos smartphones, o PPB em vigor estipula percentuais mínimos de aparelhos incentivados que devem ter capacidade de recepção de TV Digital – eram 10% em 2014, 20% em 2015, 40% em 2016 e 50% a partir de 2017.
Isso significa que aqueles aparelhos ilegais, com capacidade de sintonizar a televisão, terão agora um concorrente nacional, mais barato e com grande qualidade. Uma das maiores vantagens da TV digital é a sua capacidade de ser sintonizada em aparelhos móveis.