“A radiodifusão continuará existindo, progredindo, se reinventando e honrando sua relevância econômica e social de forma pujante”. A afirmação é do presidente da ABERT, Paulo Tonet Camargo, durante a primeira edição do Papo ABERT, evento online criado para apresentar ao setor os debates mais relevantes da atualidade. Realizada na quinta-feira (30), a edição de abertura abordou os desafios e conquistas de uma radiodifusão em constante modernização.
Durante a participação, Tonet refletiu sobre temas que estão na ordem do dia, como, por exemplo, a pandemia global causada pela COVID-19. Para ele, a crise de proporção internacional é oportunidade para usar a criatividade e desenvolver novos formatos, programas, parcerias e formas de se relacionar com anunciantes.
Enquanto novos modelos de comunicação surgem, afirmou, a ABERT se empenha em lutar por medidas que assegurem o crescimento do rádio e da TV no país. Como destaque, citou o canal de rede, a flexibilização do programa A Voz do Brasil e ainda o decreto que elimina a necessidade de o assentimento prévio para o funcionamento de emissoras localizadas a até 150 quilômetros das faixas de fronteira.
Outro tema que a entidade acompanha de perto é a assimetria regulatória entre os veículos de comunicação profissionais e as mídias digitais. Tonet ainda criticou o projeto que libera rádios comunitárias para veicular publicidade. “O Ministério das Comunicações (Minicom) já se posicionou de forma contrária à medida. O justo seria cassar as autorizações para operar e fazer licitações. É preciso equiparar o ônus e o bônus”, sugeriu.
Sobre a disseminação de notícias falsas, Tonet disse que é preciso responsabilizar os autores que criam e veiculam fake news nas plataformas digitais, ainda carentes de regulamentação.
A implantação da tecnologia 5G também entrou na pauta de prioridades da Associação, pela interferência na frequência onde funcionam as antenas parabólicas, responsáveis por levar informação e entretenimento a 20 milhões de lares localizados em áreas inacessíveis ao sinal terrestre. “Estamos debatendo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) saídas rápidas e seguras, que não interrompam os leilões e garantam que o serviço de transmissão não seja interrompido”, afirmou.
A solução mais viável, adiantou, seria a migração das emissoras de radiodifusão para a banda Ku, liberando mais espaço para as empresas usuárias do 5G e, consequentemente, ampliando a possibilidade de arrecadação para os cofres públicos.
Mesmo diante de diversas demandas em andamento, o presidente celebrou boas notícias recentes para o setor. Dentre elas, a recriação do Ministério das Comunicações (Minicom), recentemente desmembrado do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Outra vitória foi a autorização, por parte do Congresso Nacional, da publicidade institucional sobre a COVID-19, durante o período eleitoral de 2020. “É necessário que o empresário venda sua marca e que o estado comunique informações relevantes ao bem-estar da população”, avaliou. A atuação da ABERT também garantiu que as emissoras de rádio fossem incluídas em lei que autoriza a realização de sorteios, texto que previamente concedia a autorização apenas às empresas de televisão.
Diretora de Comunicação da entidade, Teresa Azevedo assumiu a condução do evento, transmitido em tempo real por associações estaduais e emissoras de todo o país. Na próxima quinta-feira (6), o convidado será o diretor jurídico da ABERT, Rodolfo Salema, que apresentará a Cartilha das Eleições 2020, elaborada para orientar emissoras de rádio e TV sobre normas e condutas que devem ser adotadas durante o período eleitoral que se aproxima.