O presidente da ABERT, Flávio Lara Resende, participou na quarta-feira (19) do debate sobre "Novos desafios regulatórios do ecossistema digital", promovido pela Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados, em Brasília.
"Na maioria das vezes, o anonimato na internet e o uso de perfis falsos têm grande influência na produção de desinformação, atividades ilegais e manipulação da opinião pública online. No nosso entender, atualmente há um abismo entre quem deveria detectar e combater a atividade sem autenticidade online e quem se beneficia dela ilegalmente", afirmou.
Lara Resende citou pesquisa realizada pelo Net/Lab da UFRJ, que avaliou golpes envolvendo uma suposta indenização a ser paga pela empresa Serasa, que circularam em anúncios nas plataformas digitais.
“Mesmo tendo sido alvo de denúncias em matérias dos principais veículos de imprensa, além de a própria Serasa ter desmentido em comunicado oficial, o golpe segue sendo veiculado livremente até hoje”, alertou Lara Resende.
A pesquisa identificou 4.321 anúncios que divulgavam o golpe, com uma estimativa de 7 milhões de pessoas atingidas. Cerca de R$ 500 mil foram investidos nesses anúncios fraudulentos, com o uso manipulado de imagem e voz de parlamentares de diferentes partidos, em ambos os lados do espectro político.
Já o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, defendeu a obrigatoriedade de verificação dos perfis nas redes sociais para combater crimes como ofensa e injúria.
“Se a sua liberdade de expressão atenta, por exemplo, contra a honra de um terceiro, esse terceiro tem as ferramentas para buscar os seus direitos. Mas, infelizmente, no ambiente digital, na situação que temos hoje, isso não existe”, afirmou.
O seminário aconteceu a pedido da deputada Danielle Cunha (União-RJ), que acredita ser nítida a necessidade de um “marco de responsabilidade das plataformas”, com regras para impedir que o anonimato cause danos à reputação das pessoas.