A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) vem registrando, desde semana passada, uma escalada na brutalidade de ataques virtuais feitos a colunistas, repórteres e jornalistas mulheres por meio de redes sociais.
Somente neste ano, a entidade registrou 15 casos de mulheres jornalistas que sofreram ataques, entre agressões físicas, discursos estigmatizantes e campanhas sistemáticas de desprestígio em virtude da atuação profissional. Há sinais de subnotificação, em especial fora das capitais.
Segundo a ABRAJI, a esfera virtual é a mais utilizada para as agressões. Levantamento realizado pelo Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), mostrou que sete em cada dez entrevistadas, nos 125 países pesquisados, relataram violações do tipo. "As agressões a mulheres jornalistas não se limitam às redes sociais. Em 2020, 44% dos ataques registrados que tiveram uma mulher como vítima eram relacionados a ameaças, agressões físicas ou verbais, destruição de equipamento ou obstrução de seu trabalho", destaca a diretora executiva da ABRAJI, Cristina Zahar.
O aumento desse tipo de crime motivou a criação de um convênio entre a Abraji e o Observatório da Liberdade de Imprensa do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). As duas organizações prepararam uma cartilha para explicar formas de assédio e orientações sobre como acionar o convênio. Com apoio da Unesco, a entidade também está desenvolvendo projeto para monitorar ataques específicos às jornalistas mulheres.
Os dados refletem o quadro geral que enfrentam as mulheres brasileiras: o Brasil recebeu, por hora, 12 denúncias de violência contra a mulher, totalizando 105.821 registros feitos pelos canais Disque 100 e Ligue 180, do governo federal, no ano passado.