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    Acesso à informação e violência contra jornalistas foram destaques de Congresso da Abraji

    Mais de 800 pessoas participaram da décima edição do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo realizado em São Paulo pela Abraji.

    Durante os três dias do evento, 71 painéis debateram diversos temas, ente eles, violência contra jornalistas, regulação da mídia, combate à corrupção e acesso à informação, e relação com as fontes.

    Novidade na programação deste ano, o Congresso realizou algumas sessões especiais. A mais concorrida foi a que teve a participação do atual diretor do jornal francês Charlie Hebdo, Laurent Sourisseau. Durante o encontro ele revelou detalhes do ataque que matou 12 pessoas em janeiro deste ano e a expectativa do cartunista para o futuro.

    O profissional contou que o jornal Charlie Hebdo sempre sofreu o que ele chama de “censura privatizada”, uma espécie de tentativa de limitar a liberdade de expressão por meio de processos jurídicos. "Em Paris existe uma instância jurídica que julga especialmente processos relacionados à imprensa. Atualmente, é muito raro um desenho ser condenado nesse tribunal. Nós do Charlie, por exemplo, nunca perdemos".

    Ele ressaltou que desde 2006 muitas caricaturas publicadas no jornal foram processadas. "Mas, até então, nunca tínhamos recebido nenhuma ameaça pelo nosso trabalho”.

    Sobre a liberdade de imprensa, Sourisseau fez várias críticas aos veículos franceses. "Só o Charlie Hebdo critica a religião por meio de caricaturas. E é nosso direito nos manifestar e, assim, lutamos por isso. Mas, se ninguém fizer uso dessa liberdade de expressão que estamos conquistando, ela vai desaparecer”, concluiu.

    Outro debate que despertou o interesse de todos foi a participação do juiz federal que está à frente da Operação Lava Jato, Sérgio Moro. Ele falou sobre a publicidade das informações que vazam para a imprensa.

    “Acho que os processos devem ser públicos, principalmente quando envolvem pessoas públicas e dinheiro público”, disse o magistrado.

    Moro ainda defendeu o jornalismo investigativo. “O profissional de imprensa não tem os instrumentos de investigação da polícia, mas em muitas vezes ele tem a capacidade de buscar informações e colher dados que antecipam a atuação da justiça”.

    Durante o Congresso foi entregue o Prêmio Abraji 2015 de Jornalismo para Clóvis Rossi, jornalista da Folha de S.Paulo.

    O Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo foi uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi e teve o apoio da ABERT.

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