Num cenário de 14 anos de perseguição política, a família Zuloaga, proprietária de 78% das ações do canal de TV venezuelano Globovísion, confirmou a venda da emissora para Juan Domingo Cordero, empresário do setor de seguros e ex-presidente da Bolsa de Valores de Caracas, informou o jornal O Globo. O negócio será concretizado após a eleição de 14 de abril.
A decisão ocorre uma semana após a emissora aberta declarar que fora "arbitrariamente excluída" do sistema de televisão digital. Segundo o canal, a medida tomada pelo governo de Hugo Chávez forçaria definitivamente a interrupção de suas transmissões.
“Somos inviáveis politicamente, porque estamos num país totalmente polarizado e do lado contrário de um governo todo-poderoso, que quer nos ver fracassar. Somos inviáveis juridicamente, porque temos uma concessão que termina e não há disposição para renová-la”, explicou em carta Guillermo Zuloaga, um dos proprietários do canal.
A Globovisión vivenciou durante o governo Chávez sucessivas investidas contra sua sobrevivência como único canal de TV aberto e independente da Venezuela. A Conatel, agência que regula o setor de telecomunicações no país, abriu oito investigações contra a emissora nos últimos anos, por exemplo. Em 2009, a emissora pagou uma multa de mais de US$ 2 milhões.
O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Claudio Paolillo, afirmou que o novo dono da Globovisión é um empresário “historicamente ligado ao chavismo”. Por isso o temor de que o canal seja forçado a mudar sua linha editorial. “A Venezuela pode perder sua única voz livre na TV, e as consequências disso para o país são irreparáveis”, disse Paolillo.
Segundo ele, Zuloaga decidiu vender o canal devido a grande pressão do regime chavista e a decorrente perda econômica do canal. “Se o atual processo de coibir a imprensa de seguir livremente continuar, o governo terá, em breve, o controle absoluto da TV venezuelana”, afirmou.
Assessoria de Comunicação da Abert