Em reunião virtual realizada na quarta-feira (2), o Conselho Diretor da AIR (Associação Internacional de Radiodifusão) manifestou apoio à reeleição do presidente argentino Eugenio Sosa Mendoza (Grupo Clarín), para o biênio 2021-2023.
A eleição do presidente e da diretoria da AIR ocorrerá em novembro, durante a 48ª Assembleia Geral, que acontece em Washington (EUA), em comemoração aos 75 anos de fundação da associação, representante de 17 mil emissoras comerciais de rádio e TV das três Américas.
O presidente da ABERT e vice-presidente secretário da AIR, Flávio Lara Resende, elogiou a atuação de Sosa Mendoza e destacou a importância da associação na defesa da radiodifusão.
“Apesar do ano difícil que atingiu a todos nós, a AIR idealizou e realizou planos que fortaleceram seu papel”, afirmou.
No encontro, a AIR apresentou um balanço das atividades realizadas durante a pandemia, como campanhas contra as notícias falsas e participação em fóruns internacionais em defesa da liberdade de imprensa e de expressão.
“Vamos prosseguir com nossas atividades e compromissos assumidos”, afirmou Eugenio Sosa Mendoza.
O Conselho Diretor também aprovou resoluções condenando as violações à liberdade de expressão na Nicarágua e Venezuela, exigindo providências imediatas contra atos de perseguição e censura a jornalistas e meios de comunicação dos dois países.
Liberdade de imprensa e de expressão na Argentina
Convidado a falar no painel sobre “Lawfare na Argentina”, o jornalista Alfredo Leuco compartilhou experiências que os profissionais e veículos de imprensa argentinos enfrentam no momento atual, com represálias do governo aos meios de comunicação que denunciam e criticam as atividades e autoridades públicas.
O termo “lawfare” é usado para designar o uso das leis e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.
Segundo o colunista do “El Diario de Leuco”, rádios, TVs e jornais, em especial, os de menor porte, “sofrem todo tipo de ataque” no país. “É um momento muito duro, muito difícil, para quem acreditava na democracia”, afirmou.
Ele denunciou projetos considerados autoritários em tramitação no parlamento argentino na tentativa de calar a imprensa local e disse que os meios estatais passaram a ser de propaganda partidária.
“Os empresários sofrem pressões para que invistam em publicidade apenas nos meios considerados kirchneristas. Aos meios críticos, não”, afirmou.
“A liberdade de imprensa na Argentina existe, mas há um grupo bem fechado que responde a Alberto Fernández (presidente) e Cristina Kirchner (vice-presidente)”, completou.
De acordo com Leuco, também as redes sociais argentinas têm um “exército de robôs” que divulgam fake news e perseguem os jornalistas diariamente.
“O principal insumo da imprensa não são as notícias. O principal insumo da imprensa é a liberdade”, finalizou.