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    AIR defende urgência na regulação das plataformas digitais

    Reunidos em Santiago (Chile), empresários das principais emissoras de rádio e televisão que integram a Associação Internacional de Radiodifusão (AIR) pediram urgência na adoção de políticas públicas contra as práticas anticompetitivas das plataformas digitais e gigantes de tecnologia.

    Durante abertura do seminário “A radiodifusão privada no novo momento tecnológico”, no sábado (4), o presidente da AIR e conselheiro da ABERT, Paulo Tonet Camargo, defendeu regras mais simétricas em relação ao setor de mídia e a responsabilização das empresas de tecnologia e plataformas digitais pelo conteúdo distribuído. 

    “Não podemos mais conviver com a total ausência de responsabilidade destas corporações internacionais, que distribuem conteúdo, monetizando esta atividade sem assumir as consequências dos danos que podem causar a pessoas, empresas, e até mesmo para as várias sociedades”, afirmou. 

    Tonet apresentou ainda um panorama das violações ao trabalho jornalístico e denunciou o arbítrio sofrido por jornalistas e veículos de comunicação em alguns países das Américas. 

    “A nossa perplexidade em relação à intolerância na América Latina ao exercício da liberdade de expressão e de imprensa continua a ser essencial. Neste século XXI onde se pretende o desenvolvimento civilizatório, há governos que não toleram a imprensa livre e o jornalismo profissional independente, que é o que nós, empresas privadas de radiodifusão em todo o mundo, fazemos. Isto é inaceitável e a AIR posiciona-se decididamente contra toda esta violência”, afirmou.

    Na apresentação dos dados da pesquisa “Desinformação e Campanha Anti-Imprensa”, os professores brasileiros Rose Marie Santini e Márcio Borges, do Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab/UFRJ), afirmaram existir um ambiente digital para a circulação de desinformação sob diversas formas, um modelo de negócios rentável para plataformas e agentes de desinformação, além da falta de transparência da publicidade online que beneficia esse mercado.

    “As redes sociais não são mais redes sociais, porque não têm interesse de conectar gente e, sim, audiências. A publicidade dos meios de comunicação tradicionais é pública e auditável. A digital, não. Agentes interessados exploram o ambiente virtual, atacando a imprensa tradicional, criando um ecossistema paralelo de mídias ou se apropriando de marcas e conteúdos consagrados no mercado de informação para gerar receitas”, afirma o estudo.

    A pesquisa identifica as principais estratégias e narrativas utilizadas por esses agentes, que prejudicam a credibilidade da imprensa tradicional e geram enormes audiências para as páginas que propagam fake news.

    “Sites de baixa qualidade utilizam tecnologias de Inteligência Artificial para apresentar notícias de jornais e páginas tradicionais como se fossem suas. A atividade de pirataria de conteúdo gera riscos para o jornalismo profissional e receitas para essas páginas por meio de publicidade, muitas vezes fraudulenta, infligindo golpes aos consumidores”, afirma Márcio Borges.

    Também participaram dos debates o presidente da chilena ANATEL (Associação Nacional de Televisão), Pablo Vidal, o presidente da ARCHI (Associação de Radiodifusores do Chile), Cristián Gálvez, o presidente da Radio Cooperativa, Luis Ajenjo, e o assessor da AIR, Héctor Oscar Amengual. 

    A regulamentação da remuneração pelo uso do conteúdo jornalístico pelas gigantes de tecnologia foi outro ponto defendido no encontro.  O seminário da AIR aconteceu de forma paralela à Conferência Global da UNESCO pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio, e teve a presença de representantes de emissoras de rádio e TV da Costa Rica, Uruguai, Venezuela, do presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Marcelo Rech, da presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, do diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flôres, e da diretora de Comunicação, Teresa Azevedo.

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