“Precisamos salvar a internet dela mesma”. A afirmação é do membro do Conselho Superior da ABERT, Marcelo Bechara, que participou da audiência pública “A disseminação de fake news e a interferência na democracia brasileira”, promovida pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, na quinta-feira (23).
Bechara citou os esforços de diferentes países no combate à disseminação de notícias falsas e destacou a necessidade de responsabilização das empresas de tecnologia. “A realidade que encontramos hoje é de problemas coletivos e danos à democracia. Para combater isso, temos o jornalismo profissional, a proteção de dados e a responsabilidade pela plataforma. A responsabilidade pela plataforma quer dizer que as empresas de tecnologia não são apenas de tecnologia, são empresas de mídia. A mídia tradicional erra? Erra. E vamos continuar errando. Mas nós temos rosto. Quem rentabiliza com publicidade, precisa ter responsabilidade. A ideia é que essas empresas tenham responsabilidade como a mídia tradicional tem”, afirmou Bechara.
Já o criador do Boatos.org, Edgard Matsuki, apresentou dados do trabalho desenvolvido pelo site desde a sua criação, em 2013. De acordo com Matsuki, foram mais de 4 mil notícias falsas checadas pelo Boatos.org, uma média de três por dia. Ele defendeu a educação de quem usa as plataformas digitais. “A punição para quem monetiza com páginas falsas deve existir, mas acredito mais no impacto educacional que punitivo”, afirmou.
Ao presidir o debate, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) cobrou do chefe do Serviço de Repressão aos Crimes Eleitorais da Polícia Federal, Eduardo Augusto Maneta uma solução para a disseminação de notícias falsas, como no período eleitoral. “Debate sobre intenções não atende às nossas necessidades”, afirmou a parlamentar.Também participou da discussão a ex-deputada federal Manuela D’Ávila.