Multinacionais como a Nestlé, Epic Games (produtora do jogo “Fortnite”), Fairlife (empresa de laticínios na qual a Coca-Cola detém participação) e McDonald’s suspenderam a veiculação de anúncios publicitários no Youtube, na quarta-feira (20), após reportagem que mostrou a presença de conteúdo que explora crianças sexualmente, no serviço de vídeo. A retirada da publicidade surgiu depois que Matt Watson, que mantém um blog no site, publicou um vídeo no YouTube com comentários inapropriados de internautas sobre filmes estrelados por meninas menores de idade. O vídeo, com 1,7 milhão de visitas até a quarta-feira, também afirmava que o algoritmo de recomendação do YouTube conduzia as pessoas que assistissem aos vídeos a conteúdos semelhantes.
Em maio de 2018, a Cisco, líder mundial de tecnologia de informação e redes, também suspendeu a veiculação de publicidade no Youtube. A decisão aconteceu após reportagem mostrar que anúncios de 300 empresas, entre elas a Cisco, foram exibidos antes de vídeos de canais mantidos por grupos extremistas no Youtube.
A ABERT tem alertado as autoridades brasileiras para a assimetria regulatória entre as empresas de comunicação e as chamadas “empresas de tecnologia”, que distribuem informação e entretenimento, vendendo espaços publicitários, mas não aceitam a similaridade de regras, como, por exemplo, a responsabilidade.
“O jornalismo profissional tem responsabilidade. Se erramos, temos compromissos e deveres, e, quem quiser reparação, sabe onde está a nossa porta e pode bater. Somos responsáveis pelo conteúdo que distribuímos e nada mais justo que nossos concorrentes também o sejam. Temos um diferencial que nos qualifica sempre: somos fonte segura de informação e nosso conteúdo tem, cada vez mais, a confiança da população”, afirma Paulo Tonet Camargo, presidente da ABERT.
* Com agências
Empresas de tecnologia não conseguem combater notícias falsas
Três meses antes das eleições para o Parlamento Europeu, as empresas de tecnologia Google, Facebook e Twitter não cumpriram a promessa de combater as notícias falsas. A afirmação é da Comissão Europeia, que, com base nos relatórios mensais das três empresas, criticou, na quinta-feira (28), a falta de progresso em acabar com as chamadas fake news.
Em outubro, empresas de tecnologia e órgãos de comércio que representam o setor de publicidade assinaram um código de conduta para combater a disseminação de notícias e perfis falsos, além de anúncios políticos, que poderiam interferir nas campanhas para as eleições do Parlamento Europeu, em maio, e nas eleições nacionais em países como Bélgica, Grécia, Portugal e Polônia, nos próximos meses. “Infelizmente eles ficaram aquém do esperado. Eles precisam viver de acordo com os padrões que pedimos a eles, que eles assinaram”, afirma o comissário de segurança da Europa, Julian King.