A ABERT, a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) protestaram contra a detenção do repórter Rodrigo Lopes, do jornal gaúcho Zero Hora, na sexta-feira (25), em Caracas, na Venezuela. Lopes foi abordado por um homem não identificado quando cobria um ato de apoiadores do ditador Nicolás Maduro, próximo ao palácio do governo.
Durante duas horas, o brasileiro ficou retido em uma unidade militar, período em que foi interrogado, teve o celular e o passaporte apreendidos e foi ameaçado de prisão. Em nota, as associações afirmaram esperar que as autoridades brasileiras façam chegar ao governo venezuelano o “protesto diante da violência cometida contra um cidadão e profissional do nosso país, em legítimo exercício de sua atividade”. Entre 23 e 24 de janeiro, o Instituto Imprensa e Sociedade da Venezuela (Ipys) registrou 16 casos de restrições ao exercício do jornalismo, além de censuras a canais estrangeiros e bloqueios à internet.
O Zero Hora decidiu retirar Lopes da Venezuela por considerar que não havia condições seguras para a atuação profissional do repórter.Também a detenção de um repórter e um cinegrafista da Televisão Nacional do Chile pelo governo venezuelano foi condenada pelas entidades que atuam em defesa da liberdade de imprensa no Chile.
Imprensa da Nicarágua vive situação dramática
Em mais um ataque à liberdade de expressão e de imprensa na Nicarágua, o chefe de Redação da Rádio Dario, Leo Cárcamo, foi preso, algemado e colocado em uma viatura por policiais do governo de Daniel Ortega, ao chegar à emissora, na terça-feira (29), em León, a 90 quilômetros a noroeste de Manágua. Crítico ferrenho dos abusos cometidos pelo governo de Ortega, Cárcamo ficou detido por várias horas.
Os constantes atos de violência contra jornalistas e ataques aos meios de comunicação da Nicarágua foram discutidos por representantes de associações internacionais de imprensa das três Américas, durante encontro em San Salvador, capital de El Salvador, na sexta-feira (25).
Na reunião, a ABERT, a AIR (Associação Internacional de Radiodifusão), a UNARCA (União de Associações de Radiodifusão da Centroamérica) e a ASDER (Associação Salvadorenha de Radiodifusores) receberam relatos sobre os ataques, perseguições, sequestros e assassinatos de jornalistas e comunicadores, protagonizados pelo regime repressivo de Ortega, além dos sistemáticos atos de censura às emissoras de rádio e TV, jornais e revistas.
Um vídeo divulgado pelo diretor da Rádio Dario (aqui) Aníbal Toruño mostra os abusos cometidos pela polícia nicaraguense contra profissionais e veículos de comunicação privados.
Toruño está exilado em Miami, nos Estados Unidos, desde novembro, após ter a rádio completamente destruída por um incêndio criminoso, em abril de 2018. Doze profissionais estavam no local quando o incêndio começou. Atualmente, 60 jornalistas nicaraguenses se encontram exilados nos Estados Unidos e na Costa Rica. Ao menos seis emissoras de rádio foram fechadas. “Podem matar um mensageiro, mas nunca poderão matar a mensagem”, disse Toruño.
Na Declaração pela Liberdade de Expressão na Nicarágua, documento aprovado no encontro de San Salvador, as entidades internacionais presentes pedem à comunidade internacional que utilize todos os instrumentos legais para exigir do governo da Nicarágua o fim das repressões contra a imprensa e o imediato restabelecimento do direito à liberdade de expressão (aqui).