A importância do rádio no interior do Brasil, expectativas para o Congresso Nacional em 2020 e a democratização de aparelhos celulares com chip FM. Estes foram alguns dos temas abordados pelo deputado Bosco Saraiva (Solidariedade - AM) durante entrevista concedida à ABERT, na quinta-feira (21). Leia os principais trechos da conversa. A íntegra pode ser acessada aqui.
- O senhor é um dos vice-presidentes da recém-criada Frente Parlamentar em Defesa da Radiodifusão. Por que o senhor achou importante se juntar a essa iniciativa?
É fundamental que a gente continue avançando nesses processos de comunicação com o nosso povo. As redes sociais apresentaram novas ferramentas, um avanço, uma comunicação muito rápida, muito presente. O mundo mudou muito em relação a isso. No entanto, nosso país ainda carece de muita cobertura de internet e o rádio continua sendo, para mim, o mais importante veículo de comunicação, especialmente de quem está no interior do país, como é o caso do meu estado, o Amazonas. As regiões urbanas são muito afastadas uma da outra. É muito comum a gente não medir a distância entre um município e o outro, a gente mede por tempo, e ainda é tempo de barco. Porque no estado ou você vai de barco ou de avião, e com a carência que tem no momento a aviação na Amazônia como um todo, a alternativa é viajar de barco. São poucos aqueles que conseguem fazer suas viagens de avião. Então nós estamos em um tempo em que o tempo é medido em dias e a comunicação é feita por esse importante veículo que é o rádio.
- A Frente foi criada com mais de 250 assinaturas e já surgiu como uma das maiores da Câmara. Que assuntos, que temas o senhor acha que são prioritários para a radiodifusão e devem ser debatidos entre os parlamentares da Frente?
Estamos falando do Brasil. Já temos mais de 250 assinaturas e a tendência é crescer cada vez mais, porque todos querem participar desse processo de comunicação. O que está na pauta de todos é a facilitação das comunicações através das ondas de rádio. Isso aí é o que tem presidido as conversas, pelo menos daqueles que conversam comigo diariamente a respeito do assunto.
- O senhor preside também a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) da Câmara dos Deputados, que aprovou recentemente o projeto sobre a obrigatoriedade de ativação do chip FM em aparelhos celulares brasileiros. A expectativa é a apreciação dessa matéria em breve pela CCJ. Que expectativa o senhor tem em relação a essa medida? Qual a importância?
Pessoalmente, me interessei muito por esse projeto. Você está sempre preocupado com a sua aldeia. Todos nós somos assim. A gente tem em mente aquilo que é o nosso dia a dia, nosso cotidiano na região onde a gente mora. É evidente que o avanço da cobertura da internet e a possibilidade de ter o chip já inserido, sem a necessidade de aplicativos, foi coisa que me chamou atenção. O projeto já tramitava e a gente pôde, não com muita facilidade, aprovar na nossa comissão neste ano, o que já considero um ganho para o setor. E agora toda a Frente fará um grande esforço no sentido que ele tenha aprovação também na CCJ.
- Algumas discussões são muito esperadas na pauta da Câmara dos Deputados, como as reformas tributária e administrativa. Na sua opinião, quais são as pautas prioritárias na Casa e em que momento de articulação elas se encontram?
Teremos um ano muito complicado, é ano de eleições municipais. No segundo semestre, o Brasil ficará voltado para a renovação das prefeituras e câmaras municipais. No primeiro semestre, minha esperança é que nós possamos finalizar o debate com relação às reformas que são necessárias: a reforma tributária está na pauta, e a reforma administrativa. Essa reformulação do Estado é fundamental. Tudo isso só será possível no primeiro semestre do ano que vem. Eu espero que ela tenha mais velocidade do que teve neste ano. Este ano, graças a Deus, o Congresso conseguiu concluir a Reforma da Previdência, que era uma medida de ajuste do Estado. Ela resulta muito pouco naquilo que é a expectativa da população brasileira, que é a criação de emprego, o retorno da possibilidade de os postos de trabalho serem reabertos. Pelo menos para esses 12, 13 milhões que estão à margem do mercado formal. É um número muito grande de pessoas, são nossos conterrâneos, compatriotas que estão sem atividade profissional, e isso é muito ruim para o país. No entanto, essas medidas que se apresentam trazem a esperança de que esse crescimento e a reocupação dessa mão de obra possa ser retomada. Eu tenho esperança, portanto, que as votações sejam mais céleres do que este primeiro ano. Essa turbulência é natural, é um primeiro ano de Congresso renovado, novo presidente, uma nova mentalidade, a mudança de um pensamento socialista para um pensamento liberal, a partir do Executivo. Tudo isso causa um impacto e essas dificuldades que aconteceram esse ano no Congresso encaro com muita naturalidade. São eventos naturais de um primeiro ano de Congresso renovado. Espero que no primeiro semestre do ano que vem o Congresso possa ser mais célere na apreciação das matérias.