“Eu acredito muito que o exemplo arrasta”. A afirmação é do senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE), em entrevista à Rádio ABERT, sobre a tendência de outros parlamentares adotarem o mesmo formato de gabinete que compartilha com dois deputados federais. O senador garante que o modelo compartilhado é mais econômico e eficiente. Em meio à tramitação da reforma da Previdência, o senador fez uma avaliação sobre medidas consideradas importantes para o Brasil voltar a crescer e gerar empregos.
O parlamentar visitou a sede da ABERT, em Brasília, na quarta-feira (7), e foi recebido pelo presidente Paulo Tonet Camargo, conselheiros e diretores de associações ligadas à comunicação.
Leia os principais trechos da entrevista. A íntegra pode ser acessada aqui.
A reforma da Previdência é o grande desafio, porque ela chega ao Senado depois de um pequeno atraso na Câmara. O senhor também acha que essa reforma é a grande prioridade? Acredita em uma votação rápida?
Eu acredito que teremos uma votação rápida. Ela é uma reforma importante, mas não é a única e talvez não fosse a mais urgente. Talvez uma reforma tributária e uma revisão do pacto federativo tivessem um efeito muito maior na geração de empregos e renda para os brasileiros. Acredito que vamos conseguir ter um tratamento célere para a questão, mas sem abrir mão de analisar, com profundidade, um assunto tão importante.
Qual é sua avaliação sobre o primeiro semestre de trabalho legislativo e quais são as expectativas para o segundo semestre?
Nós tivemos no Senado o semestre mais produtivo dos últimos 25 anos e isso é fruto de uma atuação conjunta dos senadores para dar mais velocidade e “limpar a pauta”, como se diz na expressão popular. Mas é preciso acelerar isso, dar mais transparência para trazer para mais perto do Senado o cidadão brasileiro que, no final das contas, é quem paga o nosso salário, é quem paga os impostos que sustentam toda essa mega estrutura de Brasília e que precisa ter um retorno mais efetivo. A expectativa é positiva, ainda que com a consciência de que será um trabalho difícil.
O senhor é relator do projeto de lei que trata do terrorismo. Existe uma polêmica no texto original que matérias sobre atos terroristas poderiam ser consideradas crime. Quais foram as mudanças feitas no texto para que a liberdade de imprensa não seja ameaçada?
Estamos trabalhando nesse relatório e temos uma preocupação em preservar a garantia de informação do cidadão e isso passa por uma imprensa livre. Mas não se pode confundir com a participação ou com a concordância com o cometimento de crimes. Então, a tendência é que a gente tenha no relatório uma apresentação de que, tendo ciência da origem criminosa daquela informação, a divulgação possa ter algum tipo de sanção.
O senhor optou por um gabinete compartilhado com outros parlamentares. Na sua opinião, quais são os benefícios desse formato de gabinete?
São muito grandes os benefícios, porque você gera economia, ou seja, os recursos são utilizados de uma forma mais inteligente. A gente já aumentou muito a produtividade. Estou entre os cinco senadores mais produtivos do primeiro semestre e o Felipe Rigoni (PSB/ES) e a Tábata Amaral (PDT/SP), que são os deputados que compartilham o gabinete, estão entre os 10% mais produtivos da Câmara. Isso é consequência de poder contratar gente de mais qualidade, utilizando bem o recurso. Funciona bem e acelera as pautas.
O senhor acredita que outros parlamentares também vão adotar gabinetes compartilhados?
Eu acredito muito que o exemplo arrasta. Então, à medida que você prova para o eleitor que dá para ter um resultado melhor, produzir mais, gastando menos, a tendência é que outros parlamentares sejam cobrados para adotar ações parecidas.