Com a liberdade de imprensa no foco das reflexões, o Senado Federal realizou, na sexta-feira (5), debate sobre o enfraquecimento da democracia em países que não garantem aos meios de comunicação o direito de noticiar livremente. Os debatedores foram jornalistas estrangeiros perseguidos e exilados por ditaduras em todo o mundo. Organizado pelo Interlegis, o evento foi mediado pelo editor de Política do Portal Metrópoles, Guilherme Waltenberg.
Um dos convidados foi Can Dündar, jornalista exilado na Alemanha após denunciar planos do governo turco para armar milícias na Síria. "Fui punido por revelar segredos de Estado. O público tinha o direito de saber o que o governo turco fazia e eu reportei, e por isso fui preso imediatamente”, relata. Dündar vê o retorno de governos antidemocráticos como "uma doença que se alastra pelo mundo".
Também exilado na Alemanha, o repórter chinês Chang Ping entrou na mira do governo de seu país ao publicar notícias que contrariavam as expectativas do regime comunista. "Até uma criança no jardim da infância sabe que não tem o direito de se opor ao partido. Eles dizem que a censura faz com que o país seja mais forte, pintam a censura como algo bom para o povo”, comentou.
Fundadora de um jornal independente na Venezuela, a jornalista Luz Mely Reyes revelou que há repórteres no país que são julgados como criminosos comuns e descreveu as dificuldades do dia a dia na busca por notícias. “Apesar da fome, da falta de combustível para trabalhar e dos blackouts de energia, nós persistimos, insistimos e resistimos porque a vacina contra esses ataques é um jornalismo cada vez maior e melhor.”
O mediador da conversa, Guilherme Waltenberg, destacou que, no Brasil, uma parcela da sociedade ainda é bastante arredia à liberdade do jornalismo. “Quando são publicadas matérias que não são do gosto do atual governo e dos seus apoiadores, a imprensa é chamada de ‘extrema’, como se a imprensa fosse uma força que pudesse desestabilizar governos com muita facilidade ou como se houvesse uma homogeneidade entre todos os jornais, o que não existe.”
O debate do Interlegis foi feito em parceria com o Repórteres Sem Fronteiras – RSF, Global Investigative Journalism Network – GIJN, e com apoio do Instituto Mundial para as Relações Internacionais – IR.wi.
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