O empreendedor digital e consultor de tecnologia da Abert, André Quintão, é taxativo quando o assunto é o aumento do uso de aplicativos e a situação do rádio no contexto da convergência tecnológica. Em entrevista à Imprensa Abert, ele afirma que “seria um grande erro resistir às mudanças tecnológicas”.
O especialista em mídias digitais tem percorrido diversos estados do país para reforçar a divulgação do Mobilize-se, o maior projeto de inclusão mobile de rádios do país idealizado pela Abert em parceria com as associações estaduais de radiodifusão.
Até agora, a Abert financiou pelo Mobilize-se aplicativos personalizados para 770 rádios de todo o país. As emissoras interessadas em ganhar um app exclusivo devem acessar o site www.mobilize-se.net.br e preencher um cadastro. Ainda restam 230 licenças gratuitas.
O projeto tem ainda o app Abert – integrador de rádios, que reúne a programação de estações AM e FM em um só lugar. Pelo app, o ouvinte sintoniza o rádio fazendo uma busca por gênero, estado, cidade e região. As emissoras interessadas em fazer parte do aplicativo Abert devem preencher um formulário simples (clique aqui).
Confira a primeira parte da entrevista.
1 - Estamos vivendo um “boom” dos aplicativos e esse fenômeno vai se intensificar nos próximos anos com a crescente popularização dos celulares com pacote de dados. Que papel essas ferramentas ocuparão no cotidiano dos cidadãos?
Estamos no início ainda do que deverá se tornar o uso dos aplicativos em plataforma mobile. Hoje vemos um crescimento exponencial destes recursos para celulares e tablets. A ideia é a facilidade que eles permitem, quase sempre com o objetivo de interagir e colaborar, com praticidade, facilidade ou obter informações imediatas. Algumas ferramentas para a criação de aplicativos estão se tornando cada vez mais acessíveis e, com o advento da “Internet das Coisas”, acredito que os aplicativos móveis atravessarão o limite do celular e começarão a ocupar espaço também em eletrodomésticos. Veja como as Smart TVs estão se tornando dinâmicas a cada dia. Em breve será possível ouvir nossas rádios, na televisão, no micro-ondas, simplesmente instalando o app das rádios em qualquer aparelho.
2 – Ao contrário do que se especulava, o rádio não acabou por causa da TV. E agora, se beneficia da internet e das novas tecnologias. Na sua opinião, esse cenário vai continuar?
Sim, irá continuar. O rádio passou por grandes “tsunamis” que impactaram significativamente o meio. A primeira deles foi o advento do transistor. Muito se falou sobre o fim do rádio tradicional, inclusive com a digitalização do conteúdo, mas o rádio sempre se reformulou e acompanhou as novidades tecnológicas. Hoje o impacto da vez é a internet. Os radiodifusores precisam entender que a internet, as mídias sociais e as tecnologias embarcadas nesse novo contexto são ferramentas que devem ser exploradas. Elas não irão acabar com o rádio, mas vão trazer e trazem novas dinâmicas que levam o rádio tradicional ao parâmetro da globalização. Resistir a estas mudanças seria um grande erro que os radiodifusores cometeriam.
3 –O rádio deve se preocupar com os serviços pagos de streaming de música?
Se preocupar não. Recomendo que aprenda a ganhar dinheiro com o streaming de música. A tecnologia sempre trouxe novidades. Algumas rádios já perceberam que o streaming é uma opção muito interessante e já estão tirando vantagem em usar o streaming captando dinheiro. Mesmo os portais grandes estão se adaptando a todo momento. O grande diferencial são as novidades que sempre trazem e é exatamente nessa dinâmica de conteúdo de qualidade e de novidade que os streamings têm ganhando espaço e cobrado por isso. O internauta é imediatista e consumista por natureza. Se a oferta de serviços é relevante e de qualidade, nós pagamos por eles, pois enxergamos valor agregado na oferta. O que não dá pra fazer é querer usar streaming para ofertar conteúdo na mesma dinâmica que se faz rádio como 40 anos atrás.
Veja no próximo boletim semanal a continuação da entrevista.