Legislação específica, fortalecimento do jornalismo profissional e educação da sociedade para lidar com as redes sociais foram algumas das medidas apontadas por especialistas para o combate à disseminação de notícias falsas.
Durante a 11ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, nesta terça-feira (9), em Brasília, parlamentares, pesquisadores e representantes de entidades ligadas à comunicação debateram os impactos e consequências das notícias falsas na democracia.
Para a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que também é jornalista, alguns assuntos merecem uma leitura cautelosa. A parlamentar citou exemplos de notícias falsas divulgadas nas redes sociais e enalteceu a credibilidade dos veículos de comunicação. “Quando leio algo assim na internet a primeira coisa que faço é checar se essa mesma informação está na mídia tradicional. Se não está, ela é falsa. O jornalismo que apura e checa dá segurança e credibilidade às informações”, disse a senadora.
No mesmo painel, moderado pela presidente do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco, o cientista político Murillo de Aragão defendeu a criação de uma legislação específica para regulamentar provedores e empresas digitais no combate à produção de notícias falsas. “Regulamentar, processar os culpados. A notícia falsa tem um autor. Qualquer legislação que for criada para isso deve preservar a liberdade de expressão e de imprensa”, afirmou.
O diretor da empresa Bites, especializada em monitoramento de redes, Manoel Fernandes, destacou a capacidade de disseminação de informações inverídicas. De acordo com dados da empresa, existem pelo menos 30 sites de “pós-verdade” no país, que têm 9,2 milhões de visitas mensais. “72% do tráfego desses sites vêm das redes sociais”, informou.
A deputada Cristiane Brasil (PTB/RJ) disse acreditar que a educação será fundamental para lidar com essa situação. “Acho que as escolas devem promover a educação para a mídia, ensinando crianças e jovens a se comportar nas redes sociais”.
Já o presidente do Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso Nacional, Miguel Ângelo Cançado, afirmou que a superação desse momento “de muitas notícias falsas” passa pelo Parlamento. “Daqui, em sinergia com a sociedade, haverá de sair a solução para as crises que vivemos hoje”, disse.
No painel que debateu o papel da imprensa na era da pós-verdade e o resgate do jornalismo profissional, todos os debatedores defenderam o fortalecimento do bom “jornalismo”. O diretor executivo da Rádio CBN, Ricardo Gandour, afirmou que a notícia falsa e o erro jornalístico se combatem com mais jornalismo.
Na mesma linha, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) Marcelo Rech, afirmou que, além de punição, a melhor maneira de combater a disseminação de informações falsas é ter um jornalismo profissional, com responsabilidade, técnica e pluralidade.
Os deputados Orlando Silva (PCdoB/SP); Márcio Marinho (PRB/BA), que também é secretário de Comunicação Social da Câmara; e Luis Carlos Hauly (PSDB/PR), autor do projeto que prevê multa para o autor de notícias falsas, também debateram o tema no evento.
Promovida pelo Instituto Palavra Aberta e pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Câmara dos Deputados, a 11ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão contou com o apoio da ABERT, Anj, Aner, Revista Imprensa e Abap.