Tendências tecnológicas, audiovisual e novas mídias foram assuntos em debate no SET Centro-Oeste, que aconteceu na terça e quarta-feira (7 e 8), em Brasília (DF). O evento, criado há duas décadas, tem uma edição anual em cada região do Brasil e foi criado para compartilhar conhecimento e criar oportunidades de aperfeiçoamento profissional, networking e negócios entre profissionais da comunicação.
Combate às notícias falsas
Nesta edição, uma das 24 palestras abordou a questão da proliferação de notícias falsas pela internet. O painel “Novas mídias x fake news: o que fazer?” foi um dos destaques do primeiro dia e teve como mediador o diretor de TV da ABERT, Paulo Ricardo Balduino, e como palestrantes a presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, e o diretor executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira.
A presidente do Palavra Aberta destacou que o conceito de pós verdade é sinônimo de notícia falsa, de boato, e que assuntos mentirosos ganham proporção à medida em que são replicados na internet. “A disseminação de notícias falsas acontece principalmente porque as pessoas não checam, apenas compartilham”, afirmou.
Blanco explicou, ainda, como combater as notícias falsas sem ferir a liberdade de expressão.
“Hoje há agências especializadas em identificar notícias falsas e existem programas de educação midiática, para ajudar as pessoas a identificar as fake news. Além disso, a profissionalização do jornalismo é necessária. Precisamos fazer com que o jornalismo tenha um compromisso cada vez mais amplo com a apuração, rigor técnico, princípios éticos, checagem e credibilidade”, ressaltou.
Já o diretor da ANJ afirmou que há um grande problema a ser enfrentado, que é o direcionamento da verba de divulgação nos veículos. “Há uma disputa pelo investimento publicitário entre os veículos que produzem notícias apuradas e aqueles que divulgam matérias mentirosas. Muitos sites de fake news publicam notícias falsas em massa apenas para atrair a publicidade pelas métricas”, disse.
TV do futuro: digital e com produtos para diversas plataformas
O futuro da TV, agora com o sinal digital, foi um dos destaques desta quarta-feira (8) do SET Centro-Oeste 2017. No painel mediado pela presidente da SET Liliana Nakonechnyj, os especialistas participantes foram unânimes em dizer que há uma grande transformação no hábito do consumo de TV, o que demanda algumas mudanças na forma de fazer televisão.
“Hoje, as pessoas assistem televisão na tela tradicional, mas também podem acessar o mesmo conteúdo, ou até mesmo novos produtos, no site, nos tablets e celulares. Ou seja, as emissoras de televisão devem ser, e estão sendo flexíveis. A modernidade e a digitalização do sinal deram aos usuários a opção de assistir a um programa ou um vídeo na hora que quiserem e como quiserem”,disse o diretor Comercial do Kantar Ibope Media Arthur Neto. O executivo ressaltou que já há no Brasil a medição de audiência estendida: pela TV tradicional e por multiplataformas.
No mesmo caminho, a gerente de Tecnologia da TV Globo, Ana Eliza Silva, disse que as emissoras estão cada vez mais preparadas para atender aos anseios trazidos pela modernidade. “É muito claro o aumento do consumo de vídeos e dos nossos programas em dispositivos móveis. Somos capazes de entregar ao nosso consumidor produtos para multi-telas de alta qualidade, como mais agilidade, usando um espectro mais flexível e com melhor eficiência. Além disso, cada vez mais, precisamos continuar fazendo conteúdos de qualidade para atingirmos os públicos específicos de cada plataforma. A TV aberta brasileira caminha lado a lado com o avanço tecnológico”, disse.
A digitalização da TV no Brasil e o espaço no espectro para radiodifusão também foram debatidos no painel.
O diretor de TV da ABERT Paulo Ricardo Balduíno destacou que o processo está sendo um sucesso, mas que é preciso ter cuidado na realização e na interpretação de pesquisas e estudos para que toda a população brasileira seja atendida com o sinal digital e com os benefícios do avanço da tecnologia.
“O Brasil tem 200 milhões de habitantes e uma realidade muito diferente em cada região. As pesquisas e estudos devem ser feitos de forma local, pois a realidade de consumo de cada região é muito diferente. Se interpretarmos errado alguns dados, corremos o risco de falharmos no processo de digitalização e na liberação de espaço no espectro para os canais digitais ”, disse.
O superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vitor Elísio, apresentou um panorama do processo de digitalização da TV no Brasil.
Segundo dados da EAD, empresa responsável pela digitalização da TV no país, mais de 6 milhões de kits digitais foram entregues aos beneficiários de programas sociais do governo federal e, até o momento, não houve qualquer ocorrência de interferência entre a TV e o 4G nas mais de 650 cidades que desligaram o sinal analógico.
Mosaico
Sobre o Sistema Mosaico, Vítor Elísio afirmou, ainda, que a Anatel atualizará alguns dos procedimentos administrativos, buscando adequar as suas normas, e levando mais facilidade e agilidade à ferramenta e aos radiodifusores.
“Pretendemos atualizar as relações de proteção de canais; revisar condições de espaço de canais de TV digital; atualizar a canalização da faixa de 700 MHz; além de atualizar métodos de predição para procedimentos de cálculo ponto a ponto”, disse.