“A pandemia tirou a nossa certeza sobre tudo, sobre as coisas, sobre o futuro”. A conclusão é de Dado Schneider, professor e doutor em Comunicação pela PUC/RS, ao participar do AESP Talks, encontro online promovido pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado do São Paulo (AESP), na terça-feira (7).
Para o professor, não existe o “novo normal”, uma das expressões mais faladas nesta época de pandemia mundial. “O que existe é o a-normal. Vivemos algo diferente a cada semana, a cada mês, e isso está chacoalhando todo mundo. É comum as pessoas usarem o novo normal, afinal nunca vivemos uma situação parecida. Somos o que chamo de ‘adultos inéditos’.
Enquanto muitos falam em reinventar, o doutor em Comunicação defende que o termo mais adequado seria readaptar. “Reinventar implica em fazer algo novo. Por exemplo, eu teria que mudar de ramo, de profissão, para me reinventar, quando na verdade o que estamos fazendo é nos adaptando a um novo meio. Primeiro é necessário se adaptar para que no futuro, quem sabe, possamos nos reinventar”, explicou Schneider.
“Estamos vivendo num cenário muito parecido com um pós-guerra. Fomos obrigados a ficar no nosso abrigo e isso gerou uma necessidade maior de cooperação e solidariedade. Vamos ter que nos organizar. Não dá para um setor ou classe social se dar bem durante esse período ou no pós-pandemia, enquanto o resto vai mal. O que acredito é que somos uma geração que vai conseguir viver por muitos anos na Terra por conta dessas novas experiências e das nossas mudanças de hábitos”, ressaltou.
Uma mudança que veio para ficar na opinião do professor é o home office que vai impactar a vida e as relações nas empresas sobretudo no pós-pandemia. “Essa é uma tendência que veio, inclusive, para melhorar as conexões entre os colaboradores e os gestores. Aquele mundo hierarquizado em que a autoridade era imposta, e não conquistada, não existirá mais. Reconheceremos, cada vez mais, líderes que trabalham junto, que dão retorno. Vamos lidar de forma mais horizontal nas relações dentro das empresas e isso tem a ver com mais acesso ao mercado e ampla concorrência”.
Schneider encerrou o encontro online com muito otimismo. “Acredito que vamos terminar essa década de forma espectacular do ponto de vista humanitário. Estamos vivendo um período de troca em que os jovens não querem mudar o mundo, e sim, melhorá-lo. As gerações precisam se unir e os mais velhos devem ajudar os menos experientes a se encontrarem neste mundo”.