Preocupado com a escassez de água que afeta vários estados brasileiros, o 1º Vice-líder do PMDB na Câmara, deputado Newton Cardoso Jr, tem discutido projetos e soluções para amenizar a crise hídrica no País. Em entrevista à Rádio Abert, o deputado falou sobre o problema que Minas Gerais, estado pelo qual foi eleito, enfrenta nesta área.
O parlamentar afirmou ainda que pretende apresentar um projeto de lei para acelerar obras de construção de barragens e de reservatórios de água. Confira os principais trechos.
É a primeira vez que o senhor ocupa uma cadeira na Câmara Federal. Em quais frentes pretende atuar neste mandato?
Durante a minha campanha, tive a chance de verificar no Estado de Minas Gerais algumas dificuldades de infraestrutura , e quero destacar particularmente a questão da água. Infelizmente não houve investimento necessário para garantir água a toda a população mineira. Quando cheguei à Câmara, coloquei-me à disposição para compor a comissão especial que acompanha a crise hídrica no país. Portanto, esse será um dos meus focos.
Sobre esse assunto, o senhor propôs uma audiência pública para debater os efeitos da crise hídrica no país. Como o senhor analisa essa questão?
O combate à crise hídrica só se dará com investimentos sérios na reserva de água. É a única forma de perenizarmos rios, de evitar o assoreamento, e garantir água para a população. Nos últimos 30 anos nenhum investimento foi feito para o abastecimento de água na Grande Belo Horizonte, por exemplo. Quando o meu pai [Newton Cardoso] foi prefeito pela primeira vez, em Contagem, a região recebeu uma grande reserva de água, chamada Lagoa Várzea das Flores. Logo em seguida, quando ele foi eleito governador, foi construída a barragem de Rio Manso, e também a barragem do sistema Serra Azul. Essas barragens são responsáveis por abastecer a Grande Belo Horizonte. Entretanto, hoje a região está carente de água. Com essas obras, o governo daquela época anunciava garantir abastecimento até 2020. Olha que interessante, erramos por cinco anos. Outro problema seriíssimo hoje é a barragem de Pirizal no Norte de Minas, parada desde 1997. As obras da barragem se iniciaram e por problemas ambientais foram suspensas, acumulando prejuízo enorme para a população e para os cofres do Estado.
O que poderia ser feito para resolver a crise hídrica no Brasil? Existe alguma proposta sua em andamento?
Pretendo apresentar um projeto de lei destinado ao combate e à mitigação dos efeitos da seca. Uma proposta para simplificar e acelerar obras de barragens e reservatórios de água para a população.
Como membro da Comissão de Relações Exteriores, o senhor participou, em Nova York, da 48ª Conferência Internacional de População e Desenvolvimento, na sede da ONU. O que foi discutido durante essa missão oficial?
A conferência internacional visa integrar as questões populacionais para o desenvolvimento sustentável. Sobre a questão ambiental, destaco um assunto que hoje não é conhecido plenamente no Brasil. Nós temos um consumo cada vez maior de fertilizantes à base de nitrogênio, isso no mundo todo. Quanto mais se consome alimento e mais se produz no campo, mais demanda para fertilizantes nitrogenados existirá. E quanto maior esse consumo, maior será a emissão dos chamados NOX, que são gases a base de nitrogênio extremamente poluentes e danosos ao ser humano. E nós não temos alternativas para isso até agora. Vamos enfrentar problemas ambientais graves se não houver um planejamento adequado. A maior contribuição que eu posso trazer para o Brasil da conferência é essa discussão.