A deputada federal Rosangela Gomes (PRB-RJ) visitou a Abert nesta quinta-feira (3). A parlamentar foi recebida pelo diretor geral Luis Roberto Antonik e por diretores e conselheiros da Associação.
Durante o encontro ela falou à Rádio Abert sobre sua trajetória de vida até chegar ao Congresso Nacional. A infância difícil e o trabalho com os jovens de Nova Iguaçu, na baixada fluminense, levaram Rosangela à carreira política, para, segundo ela, defender projetos que beneficiem a população carente.
Rosangela Gomes também explicou o projeto de lei que apresentou para aumentar a participação das mulheres na política. Leia os principais trechos da entrevista.
Deputada, como foi sua trajetória de vida até chegar à Câmara Federal?
Uma trajetória complicada, porém com muito sucesso. Eu nasci numa comunidade muito carente da cidade de Nova Iguaçu (RJ), e como toda jovem pobre sonhava com um futuro melhor, acreditando no estudo e no esporte. E como a vida não me deu muitas condições, eu acabei desenvolvendo uma sensibilidade muito grande em trabalhar com a juventude, na intenção de se buscar um futuro melhor. E o meu trabalho com a juventude me fez acreditar em mim. A partir daí comecei a trabalhar vendendo água e doce e ajudando os jovens da minha cidade. E essa própria juventude me pediu para entrar na política, porque entendiam que só na política é possível mudar a vida das pessoas. Aí fui ser vereadora por três mandatos, deputada estadual e agora deputada federal. Quando fui ser candidata ao cargo de deputada, fui convidada porque acreditavam em mim, mas também para preencher a cota do partido político. A legislação atual diz que cada partido político tem que ter 30% de candidatas nas eleições. Graças a Deus deu certo.
Falando em cotas, assim que chegou à Câmara Federal a senhora apresentou um projeto para diminuir essa diferença de gênero na política. O que a fez apresentar esse projeto?
Eu sou presidente nacional do PRB Mulher. Eu fui a única mulher eleita no meu partido nas eleições estaduais de 2010. Com isso viajei o Brasil todo conhecendo as pessoas do meu partido. Nessas viagens comecei a entender as dificuldades para as mulheres entrarem na política. Porque somos mãe, esposas, avós, donas de casa, etc. Nós ajudamos os homens a se elegerem, mas quando chega na nossa vez não temos mais forças e disposição, tornando uma luta desigual. Por isso apresentei o projeto de cota de assento para que, de forma escalonada, o número de mulheres na Câmara Federal possa, pelo menos em cinco anos, chegar a 16%. Atualmente temos menos de 10% de deputadas.
Nessas viagens pelo Brasil, o que a senhora fala para incentivar as mulheres a entrar na política?
Não perca a esperança. Nós que somos mães, esposas, trabalhadoras, não podemos perder a esperança. Nós mulheres somos a maioria no país, somos a maioria do eleitorado. É possível ser mãe e fazer parte da política. É possível cuidar do marido e da casa e fazer parte da política. É só na política que podemos melhorar a vida das pessoas, principalmente a vida das mulheres, buscando melhorar as políticas públicas na defesa e no fim da discriminação contra nós mulheres.