O Gired, grupo que comanda o desligamento da TV analógica no Brasil, apresentou, na quarta-feira (24), o resultado da pesquisa realizada pelo Ibope sobre os domicílios que estão aptos a receber o sinal digital em Brasília e nove cidades do entorno do DF. A conclusão é que, atualmente, 74% dos lares estão preparados para as novas transmissões de TV, com início previsto para 26 de outubro.
Para se chegar a esse número, o estudo considerou como premissa que todas as televisões de tela fina estão aptas para receber o sinal digital, o que foi contestado pelos radiodifusores.
"O critério para aferição do sinal digital é muito otimista, pois o percentual de 74% não é real. Nem todas as TVs de tela fina têm conversor integrado. A fabricação dos televisores de tela fina começou em 2007. Hoje já são mais 87 milhões de aparelhos e uma elevada parcela, algo em torno de 29 milhões, ou 32% deles, não têm conversor integrado", afirma o diretor geral da ABERT, Luis Roberto Antonik.
Em março, no desligamento de Rio Verde (GO), os radiodifusores atenderam a um pedido do então ministro das Comunicações, André Figueiredo, e aceitaram considerar os aparelhos de tela fina como totalmente digitalizados. No entanto, deixaram claro que era uma exceção que não seria estendida para os próximos desligamentos. Na reunião do dia 24, a ABERT informou que não aceitaria o mesmo critério de Rio Verde na pesquisa de aferição da digitalização.
Diante do protesto da Associação, o Ibope propôs um ajuste na pesquisa e o número real de domicílios aptos ao sinal digital caiu para 72%. Submetido à aprovação do Gired, o novo critério não teve o consenso dos integrantes do grupo. Caberá ao ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações definir que método de aferição será seguido.
Para a ABERT, é preciso que os dados aferidos sejam verdadeiros para que a população não seja prejudicada, ficando sem o sinal da televisão aberta. “Pela regra estabelecida, o sinal analógico só poderá ser desligado quando 93% dos domicílios estiverem aptos a receber o sinal digital e não é admissível se chegar a meta a qualquer custo”, disse Antonik.