Centenas de participantes do 29º Congresso SET Expo 2017 tiveram a oportunidade de conhecer as novidades do setor de tecnologia e radiodifusão. Durante quatro dias, profissionais e especialistas de todo o mundo estiveram reunidos no Expo Center Norte, em São Paulo (SP).
Em painel sobre as ações regulatórias do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Anatel, o diretor de Engenharia do Grupo RPCTV, Ivan Miranda, destacou, na terça-feira (22), a importância da TV aberta para o Brasil diante do processo de digitalização e do cenário multiplataforma. Ele apresentou um vídeo sobre a cobertura de uma das etapas da Operação Lava Jato, quando dezenas de profissionais trabalharam nas várias plataformas disponíveis para levar ao telespectador todas as informações sobre o tema.
A secretária de Radiodifusão do MCTIC, Vanda Bonna, apresentou as ações de desregulamentação do setor e as novas perspectivas. Perguntada sobre a liberação do rádio FM no celular, Vanda afirmou que "a certificação dos receptores móveis transcende a competência da Secretaria", mas garantiu que a disposição do ministro Gilberto Kassab é a de apoiar a recepção em todas as plataformas possíveis. "A radiodifusão tem que sobreviver e nós estamos aqui para lutar pela radiodifusão brasileira", disse Vanda.
Também participaram do painel, mediado pela consultora em Telecomunicações, Tereza Mondino, o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vitor Elísio Menezes, e o diretor de Radiodifusão Educativa, Comunitária e de Fiscalização do MCTIC, Samir Nobre.
Projeto de lei deve obrigar fabricação de celular com rádio FM
O diretor de Rádio da ABERT, André Cintra, anunciou que, por iniciativa da Associação, já houve uma reunião com o Grupo de Infraestrutura Crítica do Governo Federal, ligado à Presidência da República, para pedir apoio a um projeto de lei que obriga a ativação do chip do rádio FM nos aparelhos celulares.O diretor de Rádio da ABERT, André Cintra, anunciou que, por iniciativa da Associação, já houve uma reunião com o Grupo de Infraestrutura Crítica do Governo Federal, ligado à Presidência da República, para pedir apoio a um projeto de lei que obriga a ativação do chip do rádio FM nos aparelhos celulares.
Cintra falou aos participantes do painel “O FM no celular e o rádio no painel do carro – caminhos para o futuro do rádio”, realizado na quarta-feira (23).
André Cintra apresenta números da ABERT sobre celulares com rádio no Brasil.
“O que nós queremos é que os celulares disponibilizem o chip com rádio FM integrado para oferecer aos ouvintes o serviço de forma gratuita, sem a necessidade de acesso à internet. O ouvinte poderá escutar a programação das emissoras sem precisar fazer download. Além de poupar bateria, economiza também o pacote de dados de internet", explica.
De acordo com Cintra, um estudo realizado pela ABERT mostra que dos 235 modelos de celulares à venda no mercado, 56 não dispõem de rádio FM integrado (24%). Em 2015, 79% dos celulares vendidos tinham rádio FM no celular. Atualmente, são 76%. “Os smartphones saem de fábrica sem o chip FM ser ativado e forçam o ouvinte a escutar o rádio por meio de aplicativos que precisam ser baixados e dependem de internet”, afirma. Para Alexandre Barros, presidente da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), é preciso uma atenção especial ao tema. “Eu digo que a Apple, que produz o iPhone, é uma companhia hostil ao nosso negócio, por conta da política industrial de não ter rádio no celular”, afirmou ele. Barros defende uma maior conscientização do setor para a importância de preservação do rádio FM, de forma gratuita. Além de defender a regulamentação, por lei, da presença do chip FM no celular, Barros afirmou que é “preciso educar e trabalhar o ouvinte para usar o rádio no celular”.
“Daqui a 10 anos não vejo outra forma de estarmos conectados senão por um dispositivo móvel. Se nós não brigarmos hoje para que a indústria fabrique celulares com rádio FM integrado, ficaremos dependentes das companhias privadas e da internet para ter acesso ao serviço. Perderemos a independência e consequentemente os ouvintes para outros formatos”, diz. “Tem muito profissional da radiodifusão usando aparelhos celulares que não oferecem rádio e isso é fomentar o comércio deles, é ir contra o que pregamos”, reclama.
Segundo o vice presidente de Educação Tecnológica e Outreach da NAB, Skip Pizzi, nos Estados Unidos, a ausência do recurso ainda é uma preocupação e a solução encontrada foi pagar a fabricantes das principais marcas de celular do país para que incluíssem nos aparelhos o chip de rádio FM. “Nos EUA tínhamos uma realidade diferente do Brasil em que quase 95% da população consumia smartphones sem rádio FM integrado. Por isso, pagar aos produtores foi a solução que encontramos. Hoje, ter rádio no celular virou um diferencial competitivo e outras empresas começaram a incluir o chip sem receber nada por isso”, diz.
No Brasil, as associações de radiodifusão estão trabalhando na conscientização sobre a importância de ter rádio FM gratuitamente no celular. A ABERT lançou a campanha “Smart é ter rádio de graça no celular” e a AERP, o “Projeto Radiophone”, com campanhas de marketing sobre o assunto.
Também participaram do debate o diretor da SET, Marco Túlio Nascimento e Mathias Oeelein, da Radio Data Center (RDC).
5G
O diretor de Televisão da ABERT, Paulo Ricardo Balduino, foi mediador do painel “5G e o futuro da mobilidade”, na quinta-feira (24), e que teve a presença de representantes da Ericsson, Qualcomm e Intel para falar sobre a visão das empresas e os avanços da tecnologia.“O que será concretamente a tecnologia 5G não dá pra dizer, ainda é uma previsão. Mas nossas empresas já estão trabalhando na ideia, e eu posso dizer que a promessa é ser uma rede muito mais inteligente do que o 4G. É a combinação de vários elementos e recursos, todos conectados. A previsão é que uma parte do 5G já seja tangível em 2020, mas não é uma chavinha que a gente liga e tudo passa a ser conectado a ela. É uma evolução, um processo”, explicou Emilio Loures, diretor de políticas públicas da Intel.
Especialistas dão previsão sobre o 5G
Durante o painel “Projeto UHD – Brasil: uma ponte para o futuro”, a presidente da SET, Liliana Nakonechnyj apresentou o Projeto UHD-Brasil formado por representantes da ABERT, SET, da indústria elétrica, eletrônica e audiovisual. O grupo vai estudar tecnologias para o desenvolvimento da TV no Brasil. “Esse é um trabalho que precisará da integração da comunidade da radiodifusão e de todas as empresas interessadas em audiovisual. É de extrema importância que avanços que chamamos de Ultra HDTV cheguem ao Brasil e estejam à disposição dos brasileiros. Os avanços de qualidade de imagem e som são importantes, mas é preciso oferecer um serviço bom também em multiplataforma”, explica Liliana.
Feira de Produtos e Serviços
Também a Feira de Produtos atraiu os visitantes. Empresas de todo o mundo apresentaram produtos de última geração para a radiodifusão.Cada estande apresentou conteúdos e atrativos diversos aos visitantes, inclusive com atividades como workshops. Os equipamentos em exposição - câmeras filmadoras, microfones, telas de projeção – eram testados pelos interessados.
Cursos rápidos de design gráfico tiveram a participação maciça dos visitantes. Microfones com caixa de som, rádio FM integrado e conectividade por bluetooth, que permite um karaokê ambulante, chamaram a atenção do público.
Cenários projetavam as imagens de diferentes câmeras, dando uma ideia da diversidade de recursos que as empresas oferecem. Uma das empresas de soluções para exibição de vídeo recebeu visitantes interessados em conhecer o SmartPlay, recurso desenvolvido para transmissão quase que simultânea por meio de geração de vídeos para compartilhamento. “Hoje em dia, principalmente com a agilidade das redes sociais, as empresas buscam compartilhar com imediatismo o conteúdo de um evento, por exemplo. Pensando nisso, a Digilab criou um recurso que capta e fornece o conteúdo de vídeo em no máximo 15 minutos para compartilhamento. O SmartPlay está fazendo sucesso na feira”, conta Helena Santos, representante da empresa no estande.
Estande da Digilab recebe visitantes.
A Seja Digital, empresa responsável pela digitalização da TV no Brasil, também marcou presença na feira. Numa transmissão ao vivo, foi lançado o livro “TV Digital - o desligamento do sinal analógico e a adaptação dos telespectadores”, do programa de mestrado em Comunicação da Universidade Católica de Brasília, Alexandre Kieling. “O livro conta um pouco da trajetória histórica da digitalização da TV no Brasil. Na minha opinião, não houve, no país, maior e mais eficiente trabalho em conjunto entre o setor público e empresas privadas como o que foi feito para a digitalização da TV. Deve-se ter como exemplo, porque foi um planejamento que deu certo”, diz.
Seja Digital e Universidade Catõlica de Brasília lançaram durante a SET Expo o livro TV Digital.