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    Setor que dominar interatividade pode controlar a indústria audiovisual, afirma especialista


    O gosto do consumidor pela forma de interatividade no uso de smartphones, tablets, TVs conectadas ou Smart TVs determinará quem levará vantagem no mercado audiovisual do futuro. É o que defende o professor e pesquisador da Universidade Católica de Brasília, Alexandre Kieling. Ele falou sobre o assunto durante o SET Centro-Oeste, que aconteceu na terça e quarta-feira, 17, em Brasília. O evento reuniu profissionais de radiodifusão para debater os desafios da implementação da TV Digital no país.
     
    “Cada uma dessas plataformas estabelece uma lógica diferente de interatividade e terá o controle da indústria do entretenimento a que imperar em preferência de público. Estamos vivendo um momento estratégico”, defendeu. 

    Segundo ele, o controle da interatividade está na mira de grandes organizações que dominam diferentes mídias. Os broadcasters estariam em desvantagem nessa disputa frente ao grande poder dos conglomerados de entretenimento. “Aquelas instaladas no Vale do Silício, por exemplo, se empenham em uma corrida para ver quem vai estabelecer o fluxo de conteúdo. E esse controle passa pela interatividade”, afirmou.

    Por acreditar nessa tendência, Kieling alertou que os broadcasters precisam estar atentos à troca entre consumidor e mídia. As emissoras  devem usar estratégias que insiram o telespectador para além da tela do aparelho de televisão. A idéia é envolvê-lo cada vez mais com o conteúdo ofertado e em outras plataformas de mídia, dinâmica que a academia chama de “economia do afeto”.

    “O consumidor também é criador e participante do conteúdo. As grandes indústrias estão trabalhando fortemente nisso e a televisão deve agir nesse sentido. Que faixa de conteúdo ela vai flexibilizar no sentido de abri-lo para estar em outras plataformas?”, questionou Kieling.

    Ele citou um caso de sucesso no Brasil, a novela Cheias de Charme, que ocupou outras plataformas de mídia e atraiu até a atenção de públicos que não veem TV. “Há diversas teses em universidades brasileiras estudando o impacto midiático e de público que essa novela causou”, disse.

    Esse sucesso, segundo o professor, não depende apenas de uma boa narrativa. Fazer com que o conteúdo televisivo migre para outras telas vai além disso e passa a ser uma tarefa não só dos produtores de conteúdo. “Não dá mais para a equipe de engenharia e informática pensar em uma estrutura sem sentar com produção de conteúdo, marketing, direção de arte e pensar em maneiras de criar possibilidades de relação entre consumidor e mídia e nas demandas que isso vai causar cada vez mais”, afirmou.

    A expansão do conteúdo televisivo para outras telas é uma realidade consolidada em países como a Inglaterra, onde de nove a cada 10 jovens comentam em rede o que assistem na TV. Nos Estados Unidos, 86% desses jovens compartilham experiências sobre TV em redes sociais.

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