Os principais efeitos provocados pela implementação de uma tarifa de internet sobre os vários segmentos foram apresentados por representantes de associações, empresas de telecomunicações e provedores de banda larga, durante o Fórum de Governança da Internet da América Latina e do Caribe (LACIGF), realizado em Santiago (Chile), nesta semana.
Ao participar do painel “Efeitos da taxa de rede sobre as partes interessadas no ecossistema”, na quarta-feira (6), o presidente da ABERT, Flávio Lara Resende, falou das preocupações da radiodifusão e dos riscos que este modelo de cobrança, o chamado “fair share”, pode trazer ao setor brasileiro.
“A gradual mudança de hábitos de consumo de vídeo pelos usuários foi determinante para a disponibilização dos conteúdos das emissoras de TV na internet, de maneira complementar aos serviços de radiodifusão, especialmente no Brasil, um país de grandes dimensões e de diversidade econômica, social e cultural. Essa é uma realidade imposta pela convergência tecnológica, com o desenvolvimento de novos modelos de negócio, que a longo prazo terá impactos na própria sustentabilidade do modelo de radiodifusão aberto, livre e gratuito para a população brasileira. Qualquer remuneração pelo uso das redes causaria uma assimetria concorrencial entre as plataformas de streaming, uma vez que inegavelmente as empresas estrangeiras têm mais condições de arcar com os custos, causando riscos à indústria audiovisual brasileira”, alertou.
Também participaram do debate, Basílio Perez, da Federação de Associações e Câmaras de Provedores de Internet da América Latina e Caribe (LAC-ISP), Raúl Echeberría, da Associação Latino-Americana de Internet (ALAI) e Paloma Rocílio, do Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS).
Para a moderadora do debate, Paula Bernardi, do ISOC (Internet Society), os desafios apresentados pelos participantes serão essenciais na adoção de políticas públicas voltadas para uma infraestrutura de conectividade cada vez mais resiliente e sustentável, promovendo um ambiente digital mais inclusivo e com conectividade ampliada na América Latina.
