O dia 17 de novembro será um marco na história da televisão brasileira. A população de Brasília, primeira capital do país a desligar totalmente o sinal analógico, começa a receber as transmissões digitais, com imagem mais nítida, e melhor qualidade de áudio, sem ruídos e interferências. Antes de Brasília, a cidade goiana de Rio Verde com 200 mil habitantes teve as transmissões desligadas em 1º de março. A experiência no DF servirá de modelo para as próximas capitais. Governo, Seja Digital (responsável pela digitalização do Brasil) e representantes das emissoras de TV comemoraram a conquista.
Para o presidente da EAD, Antonio Carlos Martelleto, o objetivo é distribuir 100% dos kits para as famílias beneficiadas pelos programas sociais do governo federal. 83% das famílias de baixa renda retiraram os kits com conversores digitais e antena. 63 mil kitsainda deverão ser distribuídos.
“Estamos felizes com o resultado. Em agosto do ano passado 60% dos domicílios de Brasília estavam digitalizados e agora atingimos 90% dos domicílios. É uma conquista de todos os envolvidos. Temos um papel importante na comunicação do desligamento. E com as pesquisas foi comprovado que as pessoas sempre deixam para a última hora”, disse.
Segundo Martelleto, várias experiências devem ser consideradas para aperfeiçoar os próximos desligamentos. “Precisamos fazer um ajuste na comunicação, focar nas classe C, D e E, além de ajustar a distribuição de kits para atingir o máximo de domicílios aptos para o desligamento. Muitas pessoas retiram o kit e guardam no armário para utilizar mais tarde, por isso, já temos algumas ideias para incentivar a população a retirar os kits mais cedo”, afirmou.
O ministro Gilberto Kassab agradeceu os esforços dos radiodifusores e das teles. “É um momento histórico para a TV brasileira, porque a partir da meia noite desta quinta-feira (17), Brasília e as cidades do entorno passam a transmitir o sinal digital com uma qualidade no sinal sensivelmente melhor. Brasília passa a ser modelo”, destacou.
Kassab afirmou que editará uma portaria para que o Gired (Grupo de Implantação da TV Digital) aperfeiçoe os critérios de pesquisa e aferição para que em São Paulo ocorra o desligamento da melhor maneira possível. “Temos um cronograma a seguir, regras que precisam ser cumpridas, critérios que devem ser obedecidos, e é evidente que vamos trabalhar para que esses critérios possam atingir o prazo previsto pela portaria”, destacou.
Com a liberação da faixa 700 MHz, a expectativa é que os sinais de telecomunicações, como o 4G, terão uma melhor qualidade nos próximos meses.
Segundo o diretor geral da ABERT, Luis Roberto Antonik, com a chegada do sinal digital, a diferença da TV analógica para a TV digital é enorme. “A TV digital possui uma imagem espetacular, inclusive a TV aberta gratuita tem uma imagem em alta definição que é muito melhor que a TV paga”, garantiu.
De acordo com Antonik, o percentual do desligamento é a principal preocupação dos radiodifusores. “Nós fomos intransigentes para que se atingisse os 90%. Os radiodifusores não admitem que seja desligado com um percentual abaixo da meta. Esperamos que principalmente a população de baixa renda seja preservada. Afinal, 10% da população sem receber o sinal digital, ainda é muita gente. Não dá para desligar sem atingir a meta. Quem será prejudicado é a população de baixa renda que não tem condições de trocar o aparelho televisor e adquirir um conversor digital”, disse.