O sinal de televisão captado por cerca de 22 milhões de antenas parabólicas instaladas no país deverá ser afetado com o uso da faixa de 3,5 GHz, colocada em leilão pela Anatel. O alerta foi feito por representantes do setor de radiodifusão e da indústria de equipamentos durante reunião com o gerente-geral de Serviços Móveis da Anatel, Bruno Ramos, na tarde desta quinta-feira, em Brasília.
A mesma preocupação foi manifestada por operadoras de telefonia celular e empresas de satélites em audiência pública, durante a manhã, na agência.
O edital prevê a oferta do WiMax, uma tecnologia de banda larga sem-fio, que utiliza potências superiores à capacidade de receptores dos conversores de serviços de satélite. Na opinião do diretor de Tecnologia da Abert, Ronald Siqueira Barbosa, o WiMax provocará interferência na banda C, usada por satélites que levam o sinal de TV a áreas rurais, por exemplo.
Por isso, o setor de radiodifusão pede à Anatel a prorrogação do prazo da consulta pública, prevista para acabar no próximo dia 24, e a realização de testes do WiMax em potências elevadas. “É preciso que se investiguem os riscos de interferência do uso desta faixa sobre as parabólicas”, justifica Barbosa.
Segundo o diretor, embora o edital permita a operação do serviço de banda larga sem-fio com potência de até 30 W, não há testes realizados em níveis tão elevados. Atualmente, mais de 72 milhões de pessoas tem acesso a programação de TV por antenas parabólicas.
Barbosa diz que as emissoras de televisão já sofrem problemas de interferência em suas transmissões internas (industriais) da banda C, a mesma freqüência das parabólicas. “Temos utilizado filtros, feito ajustes no satélite e até colocado as antenas receptoras em gaiolas de ferro (Gaiola de Faraday), para evitar os prejuízos, mas essas medidas não estão ao alcance do público nem seriam viáveis na escala de parabólicas em uso no Brasil”, explica.
Assessoria de Comunicação da Abert