Em uma conversa leve e descontraída, o Papo ABERT recebeu, nesta terça-feira (10), o cenógrafo Luís Gustavo Vieira, que contou os bastidores das produções televisivas no país. Em mais uma edição especial em comemoração aos 70 anos da TV aberta brasileira, o encontro online teve ainda a participação do pesquisador Elmo Francfort, responsável pelo projeto Memória ABERT, e mediação da jornalista do SBT Flávia Travassos.
Arquiteto de formação e apaixonado por cenografia, Vieira destacou que a arte, em integração com a iluminação, figurino e texto adequados, ajuda a compor histórias e notícias. Hoje, a tecnologia atua como grande aliada desta ciência. É possível, por exemplo, criar ambientes em 3D, fazer com que apresentadores interajam por telões em tamanho real e até mesmo que estejam presentes por meio de hologramas. “Há programas que simulam profundidade, sombra e até temperatura da câmera que será usada no projeto”, explicou Vieira.
Mas nem sempre foi assim. Francfort lembrou que as árvores que da abertura da novela Pantanal (TV Manchete) foram feitas de isopor e pipoca. Ainda está de pé a primeira cidade cenográfica erguida no país, para a novela Redenção (1968): o conjunto composto por cemitério, igreja e casas dos personagens tornou-se uma espécie de museu a céu aberto.
Alguns episódios curiosos dos primórdios da televisão foram relembrados: quando as transmissões eram ao vivo, um cavalo que estava em cena se assustou com um ruído no estúdio e feriu um ator. Mesmo com uma fratura em uma das pernas, o profissional concluiu a cena. Em outra transmissão, houve um princípio de incêndio nos bastidores e foi preciso que a câmera mudasse o enquadramento para permitir o trabalho da brigada de combate ao fogo, sem estragar a atmosfera criada para encantar o espectador.
O jornalismo também rende boas experiências que não são captadas pelas câmeras. Com 19 anos de experiência na reportagem, sendo onze no SBT, Flávia relembrou passagens inesquecíveis, como o atraso no voo que a obrigou a cobrir a tragédia de Realengo (RJ) de mala em punho. Em outra ocasião, enquanto fazia uma gravação no estacionamento da emissora, ela foi avisada pela equipe de que estava bloqueando a passagem do patrão. A jornalista pensou que fosse brincadeira, mas em seguida, percebeu que Silvio Santos pedia passagem com os faróis do carro.