O presidente-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, disse nesta quarta-feira (15) que o Brasil está na encruzilhada do debate sobre o combate à desinformação espalhada na internet e a valorização do jornalismo. “Temos a oportunidade de ser o grande protagonista nesse processo”, disse.
A afirmação faz parte da apresentação de Rech no 1º Seminário sobre os Desafios e Ações na Era Digital, promovido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e pela Associação Internacional de Radiodifusão (AIR).
Segundo o jornalista, a solução para o problema passa por um pacto mundial, autorregulado, contra a desinformação, liderado pelas Nações Unidas nos moldes do enfrentamento do aquecimento global e que restabeleça a valorização da verdade. O ponto central desse grande acerto, continuou ele, está na valorização e no reconhecimento do jornalismo por meio da remuneração da atividade jornalística pelas grandes empresas de tecnologia.
Rech afirmou que a disseminação da internet trouxe como efeito colateral a explosão da desinformação, que avança facilitada pela fragilização do ecossistema jornalístico – resultado do modelo de negócios das Big Techs e das campanhas que têm por objetivo desacreditar o jornalismo profissional.
Na esteira desse processo, de acordo com o jornalista, há uma série de malefícios: crescimento do extremismo; riscos à democracia e à estabilidade econômica e geopolítica mundial; erosão da vida harmônica em sociedade e até mesmo familiar; e o surgimento dos desertos de notícias.
No escopo do pacto global, Rech disse que há duas vertentes factíveis: as plataformas assumem responsabilidade direta ao menos sobre os conteúdos pagos, que devem ter transparência total, e devem financiar o jornalismo profissional como antídoto à desinformação.
“As plataformas produzem uma indesejada poluição social, e a desinformação ganhou uma dimensão impossível de ser contida”, disse o presidente da ANJ ao explicar a lógica de sua defesa. “Quem tem a técnica e a capacidade de limpar essa poluição social é o jornalismo profissional, e essa tarefa tem um custo relevante, que deve ser em grande parte bancada pelos poluidores”, frisou, ressaltando ainda que as plataformas devem assumir responsabilidade direta ao menos sobre os conteúdos pagos, que devem ter transparência total.