A chegada do novo coronavírus, em 2020, levou o mundo a enfrentar duas pandemias: a de casos de COVID-19 e a de informações falsas que circulam sobre a doença. Um dos principais aliados da população, o rádio está na linha de frente do combate à desinformação. O conteúdo veiculado pelas emissoras, além de verificado por profissionais de comunicação, conta com a participação frequente da comunidade científica. Para garantir que a notícia bem apurada chegue a todos os brasileiros, a ABERT está engajada na luta pela obrigatoriedade de inserção e desbloqueio do chip FM nos celulares produzidos e comercializados no Brasil.
Em diversas declarações, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que a pandemia revelou um deserto digital no país. "Em muitos lugares, as pessoas perdem o sinal de celular, ou não têm o sinal de celular. Apenas 79% da população brasileira tem acesso à internet, o que exclui 43 milhões de brasileiros. Com a ativação do chip FM, iremos entrar em mais de 200 milhões de celulares, para que todos possam escutar sua emissora. Rádio é o cotidiano local. Em muitas cidades é o único meio de informação disponível”, ressaltou, durante participação em evento da ABERT, em setembro do ano passado.
A realidade brasileira mostra que é grande o número de cidadãos que vivem em áreas com cobertura digital, mas por dificuldades financeiras, acentuadas pela crise econômica causada pela emergência sanitária, não podem arcar com os custos pelo uso de dados da internet.
Presidente da Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (ASSERPE), Nill Júnior destaca que por suas dimensões continentais e realidades sociais diferentes, o Brasil deverá adotar a ativação dos dispositivos para assegurar o acesso da comunicação a toda população. “Em tempos de pandemia, grande parte da população está mais ávida, carente de informação de qualidade. Só o rádio chegando de forma irrestrita poderá confrontar as fake news, ajudando a salvar vidas e prestando serviço nesse momento crucial que a humanidade está vivendo”, ressaltou.
Carmen Lúcia Dummar Azulai, presidente da Associação Cearense das Emissoras de Rádio e Televisão (ACERT) lembra o poder do rádio como ferramenta de livre disseminação de informação de credibilidade. Segundo ela, enquanto uma única transmissão via frequência de rádio pode ser sintonizada de forma simultânea por um número ilimitado de receptores, a transmissão pela internet, além de paga, depende da velocidade contratada.
“A escolha sobre utilização do chip FM deve ser do usuário, e não do fabricante ou de quem oferta serviços pagos. Não há como argumentar contra um direito da população de ter acesso à informação. Essa é a forma ética e correta de tratar o consumidor”, defende.
Pesquisas mundo afora apontam o fortalecimento do meio durante a pandemia. A audiência cresceu mesmo com a redução dos deslocamentos, momento em que muitos ouvintes recorreram à companhia do rádio para entretenimento e informação sobre o que acontece nos outros países. Com a necessidade de isolamento social, o veículo serviu como canal de transmissão de lições escolares, garantindo que o conhecimento chegasse aos locais mais remotos do Brasil.