O consultor e coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da UFRGS Fernando Morgado defende, em artigo, a aprovação da Medida Provisória 923, a chamada MP dos Sorteios, que trata da distribuição gratuita de prêmios e brindes mediante sorteio pelas emissoras de rádio e TV.
No artigo, Morgado conta a história dos sorteios e afirma que “a distribuição de prêmios é parte natural da radiodifusão”.
“Os concursos e sorteios são exemplos de poderosas ações promocionais, mas só funcionam plenamente quando divulgadas em meios massivos”, avalia o professor.
Leia abaixo a íntegra do artigo:
Distribuição de prêmios: parte natural do rádio e da TV
Fernando Morgado
Não é possível pensar comunicação sem promoção. Trata-se de uma ferramenta que estimula a experimentação e colabora com a sobrevivência dos mais diferentes tipos de instituições, desde igrejas que realizam rifas para se manterem abertas até empresas de mídia que precisam ampliar e reter suas audiências.
Os concursos e sorteios são exemplos de poderosas ações promocionais, mas só funcionam plenamente quando divulgadas em meios massivos. Não por acaso, empresas de todos os setores anunciam suas promoções em emissoras de rádio e TV, que, dessa forma, estimulam o consumo e, por conseguinte, a criação de empregos. Considerando a importância das promoções para a dinâmica da economia e sua relação intrínseca com os meios de grande alcance, por que não permitir que as rádios e TVs, mídias massivas por excelência, tenham mais liberdade e menos burocracia para realizarem seus próprios concursos e sorteios?
Em todo o mundo, a distribuição de prêmios é parte natural da radiodifusão, integrando o conjunto de características que compõem inúmeros formatos de programação. Além disso, em regiões que não contam com pesquisas regulares de audiência, o volume de participações em uma promoção serve como importante indicador de popularidade de uma emissora, que pode se valer desse número durante a negociação com um anunciante. Por fim, concursos e sorteios têm enorme potencial de geração de receita, que se reverte na manutenção e expansão da radiodifusão, um serviço de que toda a população desfruta sem pagar nada.
A maior presença de prêmios na televisão coincidiu com uma intensa expansão do setor, que registrou abertura de novos postos de trabalho, valorização de salários e aumento da produção nacional. Já a redução dos concursos e sorteios foi sucedida de uma profunda depressão que culminou com o fechamento da Rede Manchete, cujo grupo empresarial chegou a empregar sete mil pessoas.
Os sorteios são parte da vida humana e nunca deixaram de existir no Brasil. Não há razão, portanto, para se tentar dificultar ou mesmo acabar com a atuação da radiodifusão nesse campo. Ações promocionais têm o potencial de ativar o consumo, criar e manter empregos, além de estimular o desenvolvimento de novas soluções de informação e entretenimento, tão necessárias neste momento em que se aprofundam as mudanças no comportamento do público e se agravam os efeitos econômicos da crise provocada pelo novo coronavírus.