A educação midiática na formação da cidadania como antídoto às notícias falsas foi o tema da 12ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão.
Promovido pelo Instituto Palavra Aberta, o evento, realizado nesta terça-feira (8), na Câmara dos Deputados, contou com a presença de parlamentares, ministros, especialistas em comunicação e jornalistas que debateram formas e políticas públicas que podem ser adotadas no Brasil para minimizar o impacto e a disseminação das notícias falsas.
A presidente do Palavra Aberta, Patrícia Blanco, reafirmou a necessidade de uma política educacional voltada para as crianças e jovens para que possam aprender a usar a internet e as redes sociais como ferramentas de inclusão e desenvolvimento de uma sociedade. “É preciso saber acessar o vasto conteúdo das redes sociais com responsabilidade e com capacidade de entendimento do que está ali acessível. Mas para isso, é preciso que os jovens possam ser educados para saber diferenciar o que é falso e o que é verdadeiro”, disse Patrícia Blanco, ao ressaltar que o tema da educação midiática já está sendo discutido nos Estados Unidos e na Europa.
Para a representante da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto, a alfabetização midiática fará com que as pessoas tenham censo crítico e capacidade de discernimento ao ler uma notícia. “Infelizmente, a falta de análise crítica e a falta de checagem das informações podem comprometer a democracia de um país. Esse avanço somente se dará com estratégias de educação midiática principalmente aos jovens” enfatizou.
O deputado federal e ex-ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM/PE), lamentou que 54% das crianças entram no ensino fundamental, com nove anos, sem saber o básico da leitura, da escrita e de matemática. “Esse jovem terá dificuldade de aprendizado por toda sua vida educacional. Então, temos um problema muito maior do que apenas a educação midiática”.
O ex-ministro disse ainda que 60% da verba do Ministério da Educação é voltada para o Ensino Superior. “Temos o dinheiro para investir, mas investimos mal. Na minha visão, o maior investimento deveria ser na primeira infância para que a criança possa se desenvolver e chegar no ensino médio bem capacitada”, disse.
Com a proximidade das eleições, a preocupação com a proliferação das notícias falsas é ainda maior. O secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Márcio de Freitas, disse que desde as últimas eleições no Brasil as “fake news” estão cada vez mais organizadas. “ A gente está vivendo uma eleição que é fundamental para o futuro do país, e se a gente não tiver informação credenciada, correta, que tenha um filtro cuidadoso, criterioso, a gente vai ter sérios problemas”, afirmou.
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Horbach, admitiu que a proliferação das notícias falsas, principalmente em ano de eleição, preocupa a Justiça Eleitoral. No entanto, o ministro afirmou que há ferramentas para minimizar possíveis danos. “É uma realidade que nos preocupa, mas o tribunal e a legislação eleitoral já têm algumas regras e ferramentas que ajudam no combate às notícias falsas”, concluiu.
Participaram ainda da Conferência o ministro da Transparência, Wagner Rosário, a senadora Ana Amélia Lemos (PP/RS), o deputado federal Alex Canziani (PTB/PR) e a reitora da ESPM, Cristina Helena. O evento contou com o apoio da Câmara dos Deputados, do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, da ABERT, ANJ, ANER e ABAP.