Entidades ligadas à comunicação, jornalistas e sociedade civil participaram, nesta segunda-feira (7), em Brasília, do seminário sobre Violência contra Profissionais de Comunicação. O debate foi proposto para lembrar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio.
Durante os debates, promovido pelo Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS), os participantes demonstraram preocupação com o alto índice de violência contra profissionais da imprensa e, principalmente, com o aumento da intolerância contra o trabalho do jornalista.
"Vivemos momentos de intolerância contra a imprensa, que tem a missão de informar sobre fatos de interesse da sociedade. Nada justifica os atos de violência que atingem jornalistas e veículos de comunicação no Brasil. É notório que há uma incompreensão do real trabalho da imprensa", disse o presidente da ABERT, Paulo Tonet Camargo.
Tonet ressaltou ainda que “enquanto tiver um caso de ataque a um profissional de comunicação não é possível tolerar”. O presidente da ABERT lembrou que somente nos cinco primeiros meses de 2018, dois jornalistas foram assassinados e 41 casos de violência não letal contra a imprensa já foram registrados, envolvendo pelo menos 52 profissionais e veículos de comunicação.
O presidente da Federação Nacional das Empresas de Rádio e Televisão (Fenaert), Guliver Leão, também afirmou estar preocupado com o aumento dos ataques sofridos pelos jornalistas. “Os profissionais estão sendo proibidos até de se aproximar de manifestações. A imprensa é apenas a mensageira, noticia fatos, mas o que vemos é a imprensa sendo colocada como vilã”, disse.
A diretora do jornal Correio Braziliense, Ana Dubeux, ressaltou a importância dos veículos de comunicação no papel de transformador da sociedade. “ É preciso que as pessoas saibam que a nossa missão é informar e não agradar”, disse Dubeux.
A impunidade nos casos de violência contra jornalistas também foi lembrada no seminário. O coordenador de Comunicação e Informação da Representação da UNESCO no Brasil, Adauto Soares, enfatizou que o Brasil é um dos piores países do mundo quando o assunto é punição de agressores e assassinos de jornalistas.
A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga, acrescentou que há assassinatos de profissionais da comunicação que ocorreram há mais de cinco anos e que, até agora, a polícia não chegou aos culpados.
Durante o seminário, o presidente do Conselho de Comunicação Social, Murillo de Aragão, afirmou que o colegiado vai continuar trabalhando para buscar soluções para o problema.