Ana Eliza foi convidada para explicar aos participantes do 26º Congresso Brasileiro de Radiodifusão as implicações para o Brasil da Conferência Mundial de Radiocomunicações da União Internacional de Telecomunicações (UIT) – 2012, que ocorreu em janeiro.
“Nós temos muita preocupação de que o processo de transição da TV digital ocorra de uma forma tranquila, que todas as emissoras sejam atendidas. Nós sabemos que o uso do espectro pode atrapalhar, ele ameaça a evolução tecnológica do setor, porque à medida que você não tem faixas para você crescer, expandir, exercitar novas tecnologias, acaba ficando defasado”, alertou.
Segundo ela, o objetivo da palestra é chamar atenção para o cenário das principais decisões da Conferência da UIT. “Nós sempre vamos defender a experiência do telespectador em assistir televisão aberta da forma mais confiável possível”. Ana Eliza Faria reforçou que o setor deve ficar atento às novas tecnologias de uso doméstico que podem sobrecarregar as faixas e atrapalhar as transmissões de televisão.
“Falei também sobre novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas, que mudam os critérios de compartilhamento. São tecnologias em geral de curto alcance, que se proliferam rápido, têm uso doméstico e rotineiro, que compartilham a faixa de UHF de uma forma não licenciada. Normalmente, elas têm maior flexibilidade na regulamentação, mas tem que existir algo para disciplinar essa tecnologias.”
Sobre a Conferência Mundial de Radiocomunicações da UIT, a gerente do Departamento de Tecnologias de Transmissão da TV Globo destacou que o encontro não conseguiu estabelecer faixas de frequência globais, usadas no jornalismo rotineiro. “Se essas faixas fossem harmonizadas globalmente nos ajudariam muito a promover grandes eventos internacionais esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, onde recebemos muitos jornalistas e eles acabam não conseguindo fazer o seu serviço. No meio do ‘vivo’ perdem o sinal, sofrem interferência, por falta de harmonização global sobre o assunto”, lamenta.
A União Internacional de Telecomunicações é a agência da Organização das Nações Unidas responsável por garantir o acesso do espectro e harmonizar o uso das faixas. “Existem grupos técnicos que trabalham continuamente, mas as revisões do regulamento do rádio, do tratado internacional onde estão as regras do uso do espectro, ocorrem a cada quatro anos nessas conferências mundiais. O Brasil é representado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que busca revisar o regulamento e adaptar as demandas do setor”, explicou Ana Eliza Faria.