A intenção do setor de radiodifusão ao defender o projeto de lei que flexibiliza A Voz do Brasil, não é acabar com o programa governamental, e sim melhorar a sua audiência. É o que destacou o diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik, durante audiência pública realizada nesta segunda-feira, 7, pelo Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional.
A audiência da programação será ampliada na medida em que for transmitida em horários que atendam ao interesse do ouvinte, durante o período de 19h às 22h, nas emissoras comerciais e comunitárias, e às, 19h para as emissoras educativas, conforme prevê o projeto de lei 595/2003.
“Não se trata de jogar o programa para a madrugada”, ressaltou Antonik.
Para ele, é necessário atualizar a forma como o programa é transmitido, devido às inovações que o mundo viveu desde que fora criado, em 1935.
De acordo com Antonik, quando A Voz do Brasil foi criada, o país estava quase todo dormindo às 22h. Hoje, acrescentou ele, é preciso levar em consideração que mais de dois terços dos cursos superiores têm aulas noturnas, o que leva muitos a dormirem mais tarde e ouvirem rádio depois das 22h.
Outro ponto que não se pode negligenciar, na opinião dele, é a existência de interesses segmentados – como os daqueles ouvintes interessados no trânsito para a sua residência ou local de trabalho no horário de pico, às 19h.
Ele também citou pesquisa da Abert segundo a qual apenas um terço das rádios mudou o horário da Voz durante a realização da Copa do Mundo, aproveitando-se de brecha legal aberta por meio de medida provisória. A grande maioria, enfatizou Antonik, optou por manter o programa no mesmo horário "porque o público quis que assim permanecesse".
“Se a Voz não conseguir se adaptar, vai prejudicar o rádio e, por consequência, a população”, afirmou.
Com a mesma opinião, Rodrigo Neves, presidente da Associação das Emissoras de Rádio e TV de São Paulo (Aesp) citou pesquisa encomendada pela Abert e realizada pelo Datafolha em que 68% dos entrevistados se disseram a favor da flexibilização, que só seria realizada pelas emissoras comerciais. Neves lembrou ainda que o governo controla centenas de emissoras, incluindo educativas, e que a EBC faz um serviço relevante ao cobrir a Amazônia Legal, com as rádios em ondas curtas, ondas médias e FM.
“Flexibilizar a Voz é dar ao cidadão o direito de escolha”, defendeu.
O secretário-executivo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Roberto Messias, disse que o governo defende qualquer discussão que leve à "qualificação do conteúdo de acesso à informação e a liberdade de expressão". Ele acrescentou que o governo federal não se opõe à flexibilização do horário e não criará dificuldades para implantá-la caso ela venha a ser aprovada.
Com informações da Agência Senado