Uma sociedade bem informada e um país democrático somente são possíveis com a preservação da liberdade de imprensa e de expressão com responsabilidade.
A conclusão é de representantes de diferentes setores da mídia que participaram da 13ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, na terça-feira (21), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
O presidente da ABERT Paulo Tonet Camargo reafirmou a necessidade do jornalismo profissional, plural e livre no combate à desinformação.
“A pluralidade dos meios e a livre escolha por quem os acessa são fundamento essencial à liberdade de pensamento e formação das convicções. Por esta razão, nunca o jornalismo profissional foi tão relevante e indispensável. Em tempos de mídias digitais e muitas vezes de fake news, nosso conteúdo tem cada vez mais a confiança da população. Jornalismo profissional tem responsabilidade. Somos a opinião e informação editadas e certificadas. Jornalismo livre e de qualidade é o antídoto contra as notícias falsas e mentirosas”, disse.
Também o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, ressaltou que além de combater as notícias falsas, “o jornalismo profissional e de qualidade é necessário para suprir os desertos de notícias, lugares onde aparecem os pistoleiros digitais, espalhando ódio e notícias falsas pelas redes sociais”.
Na mesma linha, o presidente da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), Fábio Gallo, disse que a proliferação de falsas informações torna o jornalismo profissional cada vez mais importante. “O jornalismo exerce a verificação dos fatos. O nosso modelo de negócio tem compromisso com a verdade da informação”, destacou.
No painel sobre liberdade de expressão e responsabilidade, o deputado Orlando Silva (PCdoB/SP) ressaltou a necessidade de um jornalismo plural e multilateral para que a sociedade crie seu próprio juízo e defendeu que as empresas de tecnologia, que também atuam como produtoras de conteúdo, tenham responsabilidade como as empresas de mídia profissional.
“Acredito que o caminho para a diminuição da desinformação seja responsabilizar as plataformas de tecnologia pelos conteúdos divulgados”, disse o parlamentar.
Para o diretor do site Poder360 e conselheiro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Fernando Rodrigues, a credibilidade é a chave para a sustentação no longo prazo das empresas de comunicação que têm como foco o rigor da informação.
“As empresas que praticam o bom jornalismo certamente terão espaço. Haverá cidadãos interessados em consumir um produto que possa indicar seriedade e credibilidade. Muitas vezes, nas plataformas das empresas de tecnologia, não se sabe como aferir a qualidade”, afirmou Rodrigues.
O encontro teve ainda a participação do deputado Marcel Van Hattem (Novo/RS), que ressaltou a importância da liberdade de informação, apesar de considerar que há “muito espaço na cobertura jornalística de assuntos pouco importantes para o país”.
Para Patrícia Blanco, presidente executiva do Instituto Palavra Aberta, que promoveu o seminário, “este é um debate atual e importante para a manutenção de uma conquista que é da população brasileira”.
40 anos da ANJ
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) foi homenageada durante a Conferência Legislativa pelos 40 anos em defesa da liberdade de imprensa e de expressão.
Ao denunciar o “linchamento virtual contra repórteres, editores e jornais que divulgam matérias investigativas”, com “notícias falsas e mentirosas para desmontar a matéria apurada”, o presidente Marcelo Rech defeneu a permanente vigilância também por parte da sociedade.
A ANJ representa os interesses de uma centena de jornais de todas as regiões brasileiras, promovendo estudos e ações para o desenvolvimento da imprensa.