A influência das notícias falsas, potencializada pela internet, tem provocado a desqualificação de veículos de comunicação e o aumento da violência contra jornalistas. A conclusão é de entidades representativas da imprensa que debateram o impacto das fake news na sociedade, com foco na liberdade de imprensa, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal, na quinta-feira (4).
No debate, o diretor geral da ABERT Cristiano Lobato Flores ressaltou o papel do jornalismo profissional e responsável no combate às notícias falsas.
“Por ser uma atividade humana, é natural que o jornalismo profissional vá cometer erros. Mas o principal ponto é que, apesar das falhas, ele tem CNPJ e endereço para assumir esses erros. O jornalismo profissional tem responsabilidade sobre o que está sendo publicado. Tem a responsabilidade civil e penal e, ainda, o direito de resposta”, disse Flores.
Ao falar sobre as gigantes de tecnologia, Flores destacou que todos têm liberdade de se expressar, mas precisam ser responsáveis pelo que publicam.
“Liberdade de expressão é, sim, um direito inegociável, mas que deve ser exercido com responsabilidade”, enfatizou.
O representante da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Emmanuel Colombié, disse que a divulgação de notícias falsas é um problema mundial, que tem sido usada para “sufocar opiniões contrárias”, inclusive por políticos.
“As fake news têm sido apropriadas por lideranças políticas ao redor do mundo para atacar publicações contra seus governos (...) É preciso criar leis e tipificações para penalizar quem divulga notícias falsas”, afirmou.
Colombié também criticou a legislação brasileira sobre as fake news no país: “os projetos de lei em tramitação não englobam a complexidade do fenômeno das notícias falsas. A RSF sugere que os debates continuem”.
Na audiência presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), os participantes defenderam a educação como uma ferramenta eficaz contra a disseminação de notícias falsas.
Campanha ajuda a combater fake news
A disseminação de notícias falsas é uma preocupação dos veículos de comunicação brasileiros e o serviço de checagem vem sendo adotado por vários deles. A ABERT, ANJ, ANER e UNESCO têm uma campanha que alerta para a importância de combater a veiculação das fake news. (acesse aqui).