O processo de transição do sinal analógico para o digital de rádio está mais adiantado em oito dos 37 países das Américas e do Caribe. As experiências de transmissão em sinal digital estão em curso, por exemplo, no Brasil, no Canadá, na Jamaica, no Panamá, na República Dominicana e em Trindade. Os Estados Unidos, que detêm a tecnologia HD Rádio, é o país mais avançado do processo: já têm 2,2 mil rádios comerciais operando no sistema e 4 milhões de receptores recebem o sinal.
Já o México aprovou na semana passada projeto que define o padrão de rádio digital no país. A Comissão Federal de Telecomunicações (Cofetel) escolheu o sistema norte-americano HD Rádio. De acordo com a comissão, a capacidade de transmissão dos sinais analógico e digital em um mesmo canal e a operação comercial consolidada do HD Rádio nos Estados Unidos, foi um dos fatores que pesaram na decisão. A proposta ainda será levada a consulta pública.
O Brasil ainda aguarda definição do governo, que decidirá qual sistema será adotado para a transição tecnológica. No entanto, algumas emissoras brasileiras já transmitem em caráter experimental programação com a nova tecnologia, seja na tecnologia HD Rádio ou DRM.
Das tecnologias existentes para a digitalização do rádio, apenas duas atendem as exigências do governo brasileiro, que determinou a transmissão do sinal na mesma faixa de freqüência e no mesmo canal, tecnologia mais conhecida pela sigla em inglês IBOC - In Band on Channel. Isso quer dizer que quando o rádio brasileiro for digitalizado não será necessário alocar novas freqüências, assim como foi feito com a televisão digital. Estas duas tecnologias são o padrão americano HD Rádio e o sistema francês chamado de DRM.
“Em síntese, deve-se dizer que ambas as tecnologias (DRM e HR Rádio) têm semelhanças, entretanto, deve-se ressaltar que o HD Rádio já está em operação há cerca de 8 anos em emissoras comerciais e o DRM ainda não tem aplicações comerciais”, explica o diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik.
Vantagens - Uma das vantagens do rádio digital é o ganho na qualidade do áudio. No sinal AM esse ganho é mais perceptível, embora o desenvolvimento da tecnologia tenha se mostrado mais difícil nesta faixa que no FM. Uma rádio que opera em AM, por exemplo, pode ser ouvida com qualidade de FM e as rádios em FM transmitem com qualidade de CD. O sistema digital também pode receber textos e imagens. Além disso, um único canal de radiofreqüência de uma mesma rádio FM tem capacidade para transmitir até três outras programações diferentes, o chamado multicasting.
De acordo com o diretor de Tecnologia da Abert, Ronald Siqueira Barbosa, as rádios brasileiras que aplicam testes com a nova tecnologia devem considerar, também, a capacidade do sistema de “vencer” as interferências no sinal (robustez do sinal). “Isso deve ser levado em conta na avaliação final do desempenho do sistema, pois esse tem relação direta com a área de cobertura da emissora”, destaca Barbosa. Ele afirma ainda que outros fatores, como disponibilidade de receptores no mercado e um plano de negócios que gere recursos devem ser considerados pelas emissoras.
A rádio Cultura HD, de Uberlândia (MG), opera em sinal digital com tecnologia HD Rádio desde setembro de 2009. A emissora conseguiu importar 1,5 mil aparelhos de rádio digital para veículos e fez parceria promocional com concessionárias para a instalação desses equipamentos em carros. A emissora transmite três programações diferentes num mesmo sinal e realiza promoções diferenciadas para cada programação.
“Para a população a grande vantagem disso é que é como se você tivesse triplicado o número de emissoras. Podemos triplicar ou quadruplicar o nosso canal com o ouvinte. É uma evolução para manutenção do meio rádio, é um passo a frente”, afirma Wladmir Virote, gerente-executivo da rádio.
“O sistema é simples e abre maior variedade de programação”, enfatiza o representante da tecnologia HD Rádio no Brasil, John Schneider. Ele diz que os receptores da tecnologia podem ser disponibilizados em até 30 dias nas lojas. Além disso, em um ano as empresas brasileiras interessadas podem passar a fabricá-los.
Em 2008, a Abert contratou o Instituto Mackenzie para elaborar metodologia e realizar testes do padrão digital HD Rádio em emissoras brasileiras. De acordo com o relatório final, o sistema norte-americano se adaptou às transmissões de rádio AM e FM. Os testes foram realizados com este modelo porque ele era o único disponível no mercado brasileiro. As experiências foram desenvolvidas nas cidades de Belo Horizonte, Ribeirão Preto e São Paulo, sob a coordenação da Abert e o acompanhamento Ministério das Comunicações (MC) e da Agência Nacional de Telecomunicações(Anatel).
No que diz respeito à tecnologia DRM, em 2010, o MC iniciou um processo de testes de campo com emissoras de rádio de São Paulo e de Belo Horizonte. Entretanto, os resultados parciais não foram divulgados.
Confira abaixo situação de implantação do Rádio Digital nas Américas
Brasil – O governo autorizou várias emissoras a operarem em sinal digital, mas ainda não definiu um padrão de tecnologia
Canadá – Opera com a tecnologia digital DAB. Mas a experiência não tem sido bem sucedida porque a transmissão é feita em freqüências diferentes (diferentemente do Iboc). Além disso, as indústrias vêm encontrando dificuldades para fabricar transmissores e receptores.
Estados Unidos - Detém a tecnologia HD Rádio. Já têm 2,2 mil rádios operando no sistema e 4 milhões de receptores recebem o sinal.
Jamaica - O país também aguarda decisão do governo sobre um modelo. Mas algumas rádios já operam em sinal digital.
México - Aprovou o sistema HD Rádio na semana passada. Pelo menos 12 emissoras no país já operam ou vão começar a operar em breve com sinais digitais.
Panamá - Adotou o padrão HD Rádio em 2009 e tem três estações em funcionamento.
República Dominicana - O governo tem permitido transmissão em IBOC, embora não tenha anunciado oficialmente a adoção de um padrão de rádio. Duas estações estão no ar.
Trindade - O governo não anunciou um padrão ainda, mas algumas rádios já operam informalmente em sinal digital.
Assessoria de Comunicação da Abert