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    Painelistas defendem responsabilização das plataformas por desinformação veiculada

    Durante dois dias, líderes empresariais, associações, representantes do setor público e acadêmicos participaram, em São Paulo (SP), da Conferência Ethos 360°, um dos principais eventos ESG do país. 

    Na quinta-feira (19), o diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flôres, foi um dos debatedores do painel “A sociedade e empresas unidas no combate à desinformação”, que contou com a participação da professora Marie Santini, pesquisadora do NetLab/UFRJ, e de Renato Franzini, diretor de Redação do G1. A líder de Projetos e Serviços do Instituto Ethos, Patrícia Garrido, fez a mediação do debate.

    “A desinformação sempre existiu, o problema agora é que, com a internet, foram estabelecidos novos modelos de negócios que se sustentam a partir do compartilhamento e engajamento de conteúdos, terreno fértil para a proliferação em larga escala de informações falsas. Vivemos uma era da industrialização da desinformação, cujos efeitos são graves para a nossa democracia, afetando a credibilidade das nossas instituições, dentre elas, a própria imprensa, bem como para a integridade e isonomia do processo eleitoral”, alertou Lobato Flôres.

    O diretor geral da ABERT falou ainda sobre os perigos de a desinformação ludibriar o eleitor com o uso, por exemplo, da inteligência artificial (IA).

    “A legislação eleitoral previu medidas que proíbem o uso irresponsável da IA e a responsabilidade solidária das plataformas por conteúdos manifestamente inverídicos, com obrigações de remoção imediata. São avanços que precisam ocorrer também no ambiente legislativo e que não estão no campo da liberdade de expressão, mas da responsabilidade empresarial destas plataformas de internet “, pontuou.  

    Já Marie Santini apontou dados da pesquisa que mostra como a desinformação está afetando a democracia.

    “O importante é mostrar a correlação de dinheiro com a campanha. As resoluções do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda não têm indicativos de muitos avanços e uma campanha mentirosa afeta o processo democrático, com a manipulação dos parlamentares, das pautas, do debate público”, afirmou. 

    “O ataque à imprensa é a primeira estratégia para chegar à sociedade. E esse ataque é gigantesco no Brasil, tanto para atacar as instituições como para abastecer o ecossistema paralelo da desinformação”, afirmou.

    Para a pesquisadora, deve existir “mais prevenção do que tratamento da doença”.

    “As empresas são atacadas e a reputação é afetada pelo sistema paralelo das mentiras. Existe um ecossistema paralelo que contrata uma série de anúncios com conteúdos falsos. Então, uma das principais ações é falar sobre a desinformação. Não é checar. É falar como funciona essa indústria, como se ganha dinheiro, como o negócio é lucrativo e sem fiscalização”, defendeu.

    Renato Franzini falou sobre o programa de checagem do G1 e do aprendizado que a experiência traz diariamente aos jornalistas envolvidos. 

    “O uso da IA e a criação de atmosferas irreais, o uso de determinada mentira em várias redes diferentes, cada uma com uma versão diferente... A apuração tem que se antecipar às mentiras. Por que checar uma e não outra? Checamos as que estão viralizando mais”, afirmou.

    Franzini citou como exemplo as mentiras checadas instantaneamente pela imprensa americana durante o debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Kamala Harris.

    “Este é um case. Foram mentiras ‘requentadas’; o importante é que tudo o que é checado esteja correto, é muito importante não errar. O mais difícil é checar o que é novidade”, enfatizou.

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