A polícia maranhense prendeu na madrugada desta quinta-feira, um homem suspeito de participar da execução do jornalista Décio Sá, de “O Estado do Maranhão”, ocorrido na noite da última segunda-feira, em São Luís.
Fábio Roberto Cavalcante Lima seria uma das pessoas que deram fuga ao assassino e foi localizado a partir do Disque- Denúncia. A Secretaria de Segurança Pública não confirmou se ele é a pessoa identificada pelas câmeras de segurança dos prédios próximos do local onde ocorreu o crime, informa o jornal O Globo.
Repórter político responsável por um dos blogs mais polêmicos do estado, Décio Sá foi executado com seis tiros quando chegava em um bar, na Avenida Litorânea. Um homem desceu de uma moto, entrou no bar e, com uma pistola 0.40, disparou quatro tiros na cabeça e dois nas costas do jornalista, que morreu na hora.
O secretário estadual de Segurança, Aluísio Mendes, disse ao O Globo que, embora o crime tenha sido planejado, os assassinos deixaram pistas importantes, como um carregador de munição que caiu na fuga.
Para o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Emanuel Soares Carneiro, o assassinato de Décio Sá confirma uma tendência preocupante no Brasil de recrudescimento da violência contra jornalistas. “É preciso atuação enérgica das autoridades policiais na apuração e identificação do autor”, afirma.
Segundo ele, observa-se que as vítimas mais frequentes são os jornalistas que denunciam casos de corrupção política e policial e ações do narcotráfico e do crime organizado, principalmente, na região nordeste do país.
De acordo com relatório da Abert sobre Liberdade de Imprensa no Brasil, que acompanha casos de violência contra profissionais de comunicação, este é o quarto assassinato cometido neste ano. Além de Décio de Sá, foram mortos o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, editor-chefe do "Jornal da Praça" em Ponta Porã (MS), Mário Randolfo Marques Lopes, chefe de reportagem do site "Vassouras na Net", em Barra do Piraí (RJ), e o radialista da Rádio Sucesso de Camaçari, Laércio de Souza, em Simões Filho (BA).
Desde janeiro, também ocorreram três atentados, contra o repórter policial Francisco Carlos Vieira de Lima, da Rádio Difusora de Teresina (PI), e veículos da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo em São José dos Campos, e da TV Globo, na capital paulista.
O presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), Luís Pardo Saínz, manifestou sua preocupação com o que considera “um avanço das ameaças contra jornalistas brasileiros que buscam exercer sua função de denunciar criminosos”. Segundo ele, a maioria dos assassinatos contra profissionais de imprensa ficam impunes no continente latino-americano. “Quando o direito à liberdade de imprensa e ao acesso à informação está ameaçado, é a democracia que corre perigo”, afirma Saínz.
A AIR representa 17 mil emissoras de rádio e TV comerciais nas Américas, na Ásia e Europa. Levantamento anual do Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), divulgado na semana passada, coloca o Brasil na 11ª posição no ranking mundial de impunidade de crimes contra jornalistas.
Assessoria de Comunicação da Abert