Durante o painel do SET Expo "Taxa de Uso da Rede ou Uso Sustentável da Rede? O Cenário Digital Brasileiro", na terça-feira (20), o diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flôres, falou sobre os riscos que este modelo de cobrança, o chamado “fair share”, pode trazer à indústria audiovisual brasileira.
Segundo Lobato Flôres, "o conceito de oneração de outros elos da cadeia não nos parece uma medida necessária, adequada, e, sobretudo, proporcional, na medida em que os efeitos positivos desse tipo de intervenção estatal não estão claros e há outros meios alternativos para se buscar a sustentabilidade da rede, que não impactem na sua neutralidade, como a utilização dos fundos setoriais hoje existentes".
Também o diretor executivo da Aliança pela Internet Aberta (AIA), Alessandro Molon, criticou a criação da taxa de rede.
"Essa é uma solução equivocada para um problema que não existe no Brasil", afirmou.
Para Molon, a iniciativa representaria uma cobrança dupla para os consumidores, com um aumento no preço de serviços para quem já paga banda larga para acessar conteúdo.
O painel foi moderado pelo presidente da AIR (Associação Internacional de Radiodifusão) e conselheiro da ABERT, Paulo Tonet Camargo.
"O tema, sem sombra de dúvidas, é complexo e se insere no contexto das evoluções tecnológicas, no surgimento de novos atores digitais transnacionais, e na necessidade da adoção de políticas públicas que deem sustentabilidade a negócios vitais para a nossa sociedade, como a indústria de telecomunicações e a indústria de mídia", afirmou Tonet.
Também participaram o conselheiro da Anatel, Artur Coimbra, e o presidente da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari.